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Saúde
27/04/2025 08:00:00

Cuidado cardiovascular deve fazer parte do acompanhamento do diabetes

Cuidado cardiovascular deve fazer parte do acompanhamento do diabetes

A atenção dedicada ao acompanhamento de pacientes com diabetes deve ir além do controle glicêmico. Bruno Bandeira, membro da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj), alerta que as complicações da doença estão fortemente associadas a problemas cardiovasculares, gerando situações que impactam gravemente a qualidade de vida dos pacientes.

“O maior problema não é apenas a glicose elevada. O diabetes está intimamente relacionado à hipertensão e ao colesterol alto, fatores que aumentam o risco de infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência renal. O diabetes é uma das principais razões que levam à necessidade de hemodiálise. Muitas pessoas só descobrem que são diabéticas quando já enfrentam complicações graves. A doença gera sofrimento, causa incapacidade e sobrecarrega o sistema de saúde. Por isso, é fundamental investir em prevenção”, explicou Bandeira.

O cardiologista é um dos organizadores do manual “Diabetes e Doença Cardiovascular”, que será lançado durante o 42º Congresso de Cardiologia, marcado para os dias 8 e 9 de maio, no Expo Mag, no centro do Rio de Janeiro. A obra, dividida em oito capítulos, aborda de maneira ampla temas como diagnóstico, avaliação de risco, personalização do tratamento, influência das comorbidades e estratégias práticas para o acompanhamento de pacientes. Após o lançamento, o manual estará disponível no site da Socerj.

“O novo manual é uma ferramenta indispensável tanto para médicos da linha de frente quanto para os profissionais da atenção primária, que geralmente são o primeiro contato dos pacientes com o sistema de saúde", explicou Bandeira. Segundo ele, o material oferece orientações objetivas sobre avaliação clínica, detecção de complicações cardiovasculares — entre as mais graves consequências do diabetes — e a escolha do tratamento mais indicado, seja medicamentoso ou cirúrgico.

Novos medicamentos trazem esperança

Na avaliação do cardiologista da Socerj, o surgimento de novas medicações voltadas para o tratamento do diabetes, com eficácia comprovada na redução do risco cardiovascular, representa uma mudança significativa na abordagem terapêutica. Bandeira destacou que essas novas opções alteram o foco do tratamento, priorizando o cuidado integral do paciente, e não apenas o controle da glicemia.

“As novas terapias para o diabetes representam uma revolução silenciosa na medicina. Entre elas estão os inibidores do SGLT2 (cotransportador de glicose sódica 2) e os agonistas do GLP1 (peptídeo semelhante ao glucagon-1), hoje essenciais na prática clínica. Esses medicamentos controlam a glicose enquanto também protegem o coração e os rins. Seus mecanismos de ação são múltiplos e até já se discute sua influência na redução do risco de Alzheimer”, relatou Bandeira.

O especialista ainda citou medicamentos como empagliflozina e dapagliflozina, ambos de administração oral. "A dapagliflozina, por exemplo, está sendo distribuída gratuitamente no SUS para diabéticos com mais de 65 anos. Também temos a semaglutida, um medicamento subcutâneo, popularizado como uma caneta para emagrecimento, mas que na verdade é indicado para o controle do diabetes. Em pacientes obesos, auxilia ainda na redução do peso", explicou.

Diabetes é um dos maiores desafios de saúde pública

Saulo Cavalcanti, subcoordenador do Departamento de Diabetes da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), ressaltou que o diabetes se configura como um dos maiores desafios de saúde pública no Brasil e no mundo.

“Apesar de o diabetes ser conhecido desde 1.500 antes de Cristo, ainda hoje uma pessoa morre a cada sete segundos por complicações relacionadas à doença, conforme dados da Federação Internacional de Diabetes”, disse Cavalcanti.

O endocrinologista pontuou que a falta de informação, o alto custo do tratamento e a baixa adesão dos pacientes dificultam o enfrentamento desse problema.

A pesquisa Vigitel Brasil 2023 ? Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico ? revela que a prevalência de diabetes no país atinge 10,2% da população, o equivalente a cerca de 20 milhões de brasileiros, um aumento em relação a 2021, quando a taxa era de 9,1%. O levantamento também aponta que o diagnóstico é mais frequente entre mulheres (11,1%) do que entre homens (9,1%).

Segundo Cavalcanti, o diabetes tipo 1 corresponde a 8% dos casos, enquanto o tipo 2 representa 90%. “Por ser uma doença muitas vezes assintomática, apenas cerca de 45% dos diabéticos tipo 2 sabem do diagnóstico e buscam tratamento. O diabetes compromete diversos órgãos, como coração, rins, cérebro e olhos. A maioria dos pacientes chega aos consultórios médicos em estágios avançados da doença, o que prejudica o prognóstico. O diabetes não tem cura, mas tem controle”, destacou o especialista.



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