O Hamas afirmou neste sábado que está disposto a aceitar um acordo que envolva a libertação simultânea de todos os reféns mantidos em Gaza e a implementação de uma trégua de cinco anos com Israel. A declaração foi feita à AFP por um alto dirigente do movimento islâmico palestino, sob condição de anonimato.
Segundo o dirigente, o Hamas está preparado para uma "troca de prisioneiros", envolvendo reféns israelenses e prisioneiros palestinos, realizada em uma única operação, e aceita uma trégua de cinco anos. Uma delegação do movimento estava prevista para se reunir ainda neste sábado com mediadores no Cairo.
O Hamas rejeitou anteriormente, em 17 de abril, uma proposta israelense que previa um cessar-fogo de 45 dias em troca da libertação de dez reféns vivos, insistindo que é contrário a acordos parciais. O grupo palestino condiciona o acordo a um cessar total das hostilidades, retirada completa das tropas israelenses da Faixa de Gaza, troca de prisioneiros e liberação da entrada de ajuda humanitária no território.
Israel, por outro lado, exige o retorno de todos os reféns e o desarmamento do Hamas e de outros grupos armados, sendo este último ponto considerado uma "linha vermelha" pelo movimento palestino.
O dirigente do Hamas Mahmoud Mardawi reforçou neste sábado que o movimento busca um "acordo global" com "garantias internacionais". Segundo ele, Israel poderia retomar a guerra após um acordo parcial, mas não teria a mesma liberdade caso houvesse um pacto abrangente com respaldo internacional. "Exigiremos que essas garantias sejam incluídas no acordo", afirmou Mardawi em um comunicado.
A guerra em Gaza começou após o ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de 1.218 pessoas do lado israelense, a maioria civis, segundo levantamento da AFP com base em dados oficiais. Das 251 pessoas sequestradas naquele dia, 58 ainda estariam em Gaza, das quais 34 são consideradas mortas pelo Exército israelense.
Durante uma trégua anterior, que vigorou entre 19 de janeiro e 17 de março, 33 reféns foram devolvidos — oito deles mortos — em troca da libertação de cerca de 1.800 palestinos presos em Israel.
De acordo com informações divulgadas na sexta-feira pelo Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, pelo menos 2.062 palestinos morreram desde que Israel retomou sua ofensiva em 18 de março, elevando para 51.439 o total de mortos no território palestino desde o início do conflito.