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Obituário
27/04/2025 00:00:00

Igreja Católica e fiéis se despedem do papa Francisco sob forte comoção

Igreja Católica e fiéis se despedem do papa Francisco sob forte comoção

Sob intensa comoção, a Igreja Católica e centenas de milhares de fiéis se despediram neste sábado do papa Francisco, em uma série de cerimônias marcadas por recados a líderes mundiais e apelos pela paz, refletindo também a missão do pontífice argentino de conduzir uma Igreja voltada aos pobres e marginalizados. Francisco, o primeiro papa das Américas e que esteve à frente da Igreja por 12 anos, faleceu na última segunda-feira, aos 88 anos. Após três dias de velório, o caixão de madeira com seu corpo foi levado à Praça São Pedro, no Vaticano, onde foi celebrada a missa de Exéquias, com duração aproximada de duas horas.

Presidida pelo decano do Colégio Cardinalício, Giovanni Battista Re, próximo de Francisco, a missa serviu para renovar antigos apelos do pontífice. Diante de líderes como o presidente americano Donald Trump e o ucraniano Volodimir Zelenski, o cardeal Re afirmou: “A guerra é somente morte de pessoas, destruição de casas, de hospitais e escolas. A guerra deixa sempre o mundo pior de antes”, sendo aplaudido. O cardeal também recordou a célebre fala de Francisco sobre a importância de construir pontes e não muros, dita em 2016, quando Trump ainda concorria à presidência dos Estados Unidos.

Mais de cem delegações estrangeiras compareceram à cerimônia no Vaticano. Estavam presentes, entre outros, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, a ex-presidente Dilma Rousseff, o argentino Javier Milei, o chanceler federal alemão Olaf Scholz e o secretário-geral da ONU, António Guterres. Após a missa, Lula destacou à imprensa o legado de Francisco, afirmando que ele foi o líder religioso mais importante do início deste século e que seu compromisso com as causas sociais deveria inspirar seu sucessor. Dilma Rousseff também elogiou Francisco, classificando-o como “um dos maiores homens dos séculos 20 e 21”.

Durante a missa, o cardeal Giovanni Battista Re destacou que Francisco foi “um papa no meio do povo, com um coração aberto a todos”, ressaltando a capacidade do pontífice de se conectar com as pessoas e seu empenho em enfrentar os desafios contemporâneos à luz da fé cristã. O cardeal também lembrou que a escolha do nome Francisco refletiu imediatamente o programa e o estilo pastoral do pontífice, inspirado no espírito de São Francisco de Assis, com atenção especial aos marginalizados e às pessoas em dificuldade.

A Praça São Pedro e a Via della Conciliazione ficaram lotadas com cerca de 250 mil pessoas para o funeral, segundo o Vaticano. Com a capacidade da praça rapidamente atingida, telões foram instalados para acomodar a multidão. Considerando ainda as cerca de 150 mil pessoas que acompanharam o cortejo pelas ruas de Roma, estima-se que aproximadamente 400 mil pessoas participaram da despedida de Francisco.

Antes da missa, Donald Trump e Volodimir Zelenski se reuniram brevemente na Basílica de São Pedro. O chefe de gabinete de Zelenski, Andrii Yermak, divulgou uma foto do encontro, mencionando uma conversa produtiva. Também foram divulgadas imagens de ambos ao lado do primeiro-ministro britânico Keir Starmer e do presidente francês Emmanuel Macron. O encontro marcou a primeira reunião entre Trump e Zelenski desde a tensa visita à Casa Branca em fevereiro.

Após o cortejo pelas ruas de Roma, o corpo de Francisco foi levado para a Basílica de Santa Maria Maggiore para uma cerimônia privada de sepultamento, liderada pelo camerlengo, o cardeal Kevin Farrell. Cumprindo seu desejo expresso em vida, Francisco foi colocado em um caixão simples de madeira, sem portar a férula papal. Em um gesto simbólico, o caixão foi recebido por um grupo de 40 pessoas pobres e marginalizadas, selecionadas pelo Vicariato de Roma, incluindo moradores de rua, detentos, imigrantes venezuelanos, curdos e pessoas transgênero.

A escolha de um funeral simples e o pedido para ser enterrado apenas com a inscrição “Franciscus” refletem o espírito de humildade que marcou o papado de Francisco. Diferentemente de seus antecessores, ele não foi sepultado na Basílica de São Pedro, mas sim em Santa Maria Maggiore, tornando-se o primeiro papa em mais de um século a ser enterrado fora do Vaticano.

Concluído o sepultamento, iniciou-se neste sábado o período de nove dias de luto, conhecido como Novendiales, que incluirá missas e homenagens na Basílica de São Pedro até o dia 4 de maio. Após este período, será convocado o conclave para a escolha do novo papa, dentro de um prazo que não poderá ultrapassar 20 dias após a morte de Francisco. Assim, o processo de escolha deve ocorrer entre 5 e 10 de maio.

Os cardeais eleitores se reunirão na Capela Sistina, em sessão secreta, respeitando normas rígidas estabelecidas desde o século 13. Durante o conclave, os cardeais farão um juramento de segredo absoluto sobre o processo de votação. Embora a duração do conclave seja incerta, a eleição de Jorge Mario Bergoglio, em 2013, foi concluída pouco mais de 24 horas após o início das votações. Na história recente, o conclave mais longo foi o de 1922, que durou cinco dias.



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