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Maceió
26/04/2025 21:00:00

Maceió sob o barulho: Simpósio discute influência sonora e qualidade de vida na capital alagoana

Maceió sob o barulho: Simpósio discute influência sonora e qualidade de vida na capital alagoana

A relação entre o som urbano e a qualidade de vida foi o tema central do VIII Simpósio de Acústica, realizado nesta sexta-feira (25) em Maceió. O evento, promovido pela Sociedade Brasileira de Acústica - Regional Nordeste (Sobrac-NE) em parceria com o Conselho Regional de Arquitetura e Urbanismo de Alagoas (CAU/AL), reuniu estudantes, arquitetos e especialistas no setor para debater estratégias de mitigação dos impactos sonoros nas cidades.

Com o tema “Acústica, arquitetura & cidade”, a programação incluiu palestras, mesas-redondas e uma exposição aberta ao público sobre materiais acústicos. As discussões giraram em torno das diversas fontes de ruído e seus efeitos sobre a vida urbana, com foco especial no contexto de Maceió e do Nordeste.

Bianca Araújo, presidente da Sobrac-NE, destacou em sua palestra que o tráfego é a principal fonte de ruído nas cidades, embora figure pouco nas denúncias de poluição sonora, o que demonstra a normalização dos barulhos provenientes de veículos. A palestra “O que fazer com o ruído urbano em áreas habitadas? Norma, medição e avaliação” trouxe dados que reforçam essa percepção.

Em entrevista ao Jornal de Alagoas, o arquiteto e presidente do CAU/AL, Geraldo Faria, confirmou a falta de controle sobre os ruídos urbanos em Maceió, especialmente os provocados pelo trânsito. Ele relatou sua própria experiência morando próximo à Avenida Gustavo Paiva, onde o barulho constante de caminhões e motocicletas é perturbador. Geraldo defendeu uma atuação mais firme do poder público para controlar a produção de ruídos, destacando que muitas vezes quem gera o barulho não se dá conta do impacto que causa à vizinhança.

O simpósio também apresentou o conceito de “mapa acústico”, ferramenta que possibilita identificar e monitorar áreas mais afetadas pelo ruído. Segundo o doutor em Engenharia Civil pela UFPE, Otávio Júnior, esses mapas são fundamentais para orientar ações de combate à poluição sonora.

Maceió e a ausência de políticas públicas

Maria Lúcia Oiticica, arquiteta e professora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), ressaltou que Maceió já possui um mapeamento acústico desde 2017, abrangendo 50 bairros, incluindo toda a Orla da cidade. Ela criticou o distanciamento do poder público em relação aos estudos, destacando que os dados poderiam ser usados para implementar políticas de redução de ruído e melhoria da qualidade de vida. Maria Lúcia explicou que o simpósio busca justamente aproximar as gestões públicas da academia e das pesquisas já existentes, com o objetivo de desenvolver ações mitigadoras mais eficazes.

Docente da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Ufal há três décadas, Maria Lúcia compartilhou com orgulho sua trajetória acadêmica e reforçou a importância de formar novos profissionais conscientes da relevância de temas como iluminação, conforto térmico e acústico.

Programação da tarde abordou “Acústica e Arquitetura”

O simpósio seguiu no período da tarde, a partir das 15h, com a apresentação da anfitriã Maria Lúcia Oiticica e do representante da Sobrac/NE, Gleidson Martins. Em seguida, foram realizadas diversas palestras e talks, como a de Cristhian Nascimento sobre “Neuroarquitetura aplicada: Técnicas de iluminação e acústica para uma arquitetura saudável”, e de Sofia Oliveira, abordando “O BIM da acústica”.

Outros destaques foram a análise de Felipe Paim sobre edificações residenciais do Nordeste à luz da Norma de Desempenho e, encerrando as atividades, uma mesa-redonda mediada por Débora Barretto, com a participação de Maria Lúcia Oiticica, Ítalo Montalvão, Ricardo Leão e Mário Aloísio, discutindo práticas e soluções para integrar acústica e arquitetura no contexto urbano.



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