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Guerra
26/04/2025 13:00:00

Destruição de maquinário interrompe buscas por milhares de soterrados em Gaza

Destruição de maquinário interrompe buscas por milhares de soterrados em Gaza

Famílias na Faixa de Gaza ainda mantinham a esperança de localizar parentes desaparecidos sob os escombros de imóveis destruídos, mas essa expectativa está se dissipando rapidamente. A destruição de equipamentos pesados fundamentais nesta semana, após ataques aéreos israelenses, paralisou as operações de resgate e recuperação, dificultando ainda mais o acesso aos cerca de 11 mil corpos que permanecem sob os destroços. Segundo autoridades locais, os bombardeios comprometeram toda a atividade de retirada de resíduos e entulho, conforme informou Stéphane Dujarric, porta-voz da Organização das Nações Unidas (ONU).

Até recentemente, tratores e outras máquinas de escavação eram utilizados em ações minuciosas para localizar corpos entre os escombros. Uma dessas máquinas, operada por Atif Nasr — que antes da guerra trabalhava com obras viárias —, era essencial para resgatar restos mortais. Entrevistado por um correspondente da ONU News em Gaza antes da destruição de seu equipamento, Atif agora se vê impossibilitado de continuar seu trabalho após a perda da escavadeira.

Meses presos em escombros

A família Dahdouh conseguiu encontrar os restos mortais de Omar, seu filho, quase um ano depois do ataque aéreo que derrubou o prédio de sete andares onde ele vivia. No local, Moayad, irmão de Omar, relatou o drama enfrentado. Segundo ele, logo após a guerra, tentaram retirar o corpo, mas, diante da magnitude da destruição e da ausência de maquinário adequado, não conseguiram. “Procuramos uma escavadeira para alcançar o piso térreo, onde Omar estava, mas durante a guerra as forças israelenses destruíram ou queimaram todos os equipamentos que poderiam nos ajudar”, disse.

Um enterro decente

Em Khan Younis, no sul de Gaza, a família Dajani permanece residindo entre os escombros da antiga casa, onde ainda jazem os corpos de três filhos. O pai, Ali, emocionou-se ao relembrar o momento da tragédia. “Durante os bombardeios, fugimos para a praia. Quando voltamos, a casa tinha desaparecido — e nossos filhos estavam soterrados. Somos obrigados a viver aqui, mas isso não é vida, é sofrimento”, relatou. Ele ainda destacou a precariedade das condições: falta de água potável, escassez de alimentos e total desesperança. “Pedimos apenas que os corpos dos nossos filhos sejam recuperados. Dar um enterro digno é sagrado”, acrescentou. Dias atrás, enquanto escavadeiras trabalhavam na área para tentar limpar os destroços, o trabalho também foi suspenso.

Uma crescente crise humanitária

De acordo com estimativas da ONU, cerca de 92% dos edifícios residenciais de Gaza — o equivalente a aproximadamente 436 mil casas — sofreram danos ou foram destruídos desde o início do conflito. O volume de escombros acumulados já chega a cerca de 50 milhões de toneladas, uma quantidade tão massiva que, nas atuais condições, a remoção total poderia levar décadas. Organizações humanitárias alertam que o atraso no resgate dos corpos e na limpeza dos destroços não apenas agrava o trauma psicológico da população, mas também ameaça desencadear uma grave crise ambiental e de saúde pública.



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