Onda de ataques russos deixa ao menos nove civis mortos e dezenas de feridos na Ucrânia

Uma série de ataques aéreos realizados pela Rússia durante a noite de quarta-feira (23) atingiu áreas residenciais em Kyiv e outras cidades da Ucrânia, resultando na morte de pelo menos nove civis e ferindo mais de 70 pessoas, incluindo crianças e uma mulher grávida. As ofensivas, com uso de mísseis e drones, destruíram edifícios, casas e instalações essenciais, e os números de vítimas podem aumentar à medida que as equipes de resgate seguem em busca de sobreviventes entre os escombros.

O coordenador humanitário da ONU na Ucrânia, Matthias Schmale, classificou os ataques como um “uso insensato da força” e reforçou que civis jamais devem ser alvos em conflitos armados. Em Kyiv, ao menos 12 prédios foram danificados, com relatos de celulares tocando sob os escombros em meio ao desespero de familiares por notícias dos desaparecidos.

Além da capital, os ataques atingiram cidades como Zhytomyr, Sumy e Kharkiv. Em Sumy, no último dia 13 de abril, um ataque semelhante com mísseis já havia matado ao menos 34 pessoas. Em Kharkiv, foram registradas 24 ofensivas com mísseis e drones nas últimas horas, intensificando ainda mais a escalada de violência.

Os bombardeios ocorreram pouco depois de o presidente Volodymyr Zelensky rejeitar publicamente uma proposta de paz mediada pelos Estados Unidos. A sugestão envolvia a cessão à Rússia de territórios atualmente ocupados, como Donetsk, Luhansk, Kherson, Zaporizhzhia e a Crimeia, região anexada por Moscou em 2014. Zelensky classificou a proposta como inaceitável.

As agências das Nações Unidas alertaram para o aumento preocupante dos ataques contra civis. Segundo o Escritório de Direitos Humanos da ONU, 164 civis morreram e 910 ficaram feridos apenas no mês de março — um aumento de 50% em relação ao mês anterior. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) reiterou o apelo pelo fim do uso de armamentos explosivos em áreas civis.

Na última terça-feira, um ataque com bomba planadora em Zaporizhzhia matou uma pessoa e deixou mais de 40 feridas, entre elas sete crianças e uma gestante. A cidade, próxima à linha de frente da guerra, abriga cerca de 630 mil pessoas, muitas delas deslocadas de outras regiões.

Ainda na noite de quarta, ataques com drones foram relatados em Dnipro, Donetsk, Kharkiv, Kherson, Poltava e Odesa. As ofensivas danificaram residências, hospitais, armazéns e uma instalação de energia, aprofundando a crise humanitária em um país já devastado por mais de dois anos de conflito armado.