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Educação
25/04/2025 18:00:00

Maioria dos estudantes mais pobres no Brasil tem baixo desempenho em leitura, aponta estudo internacional

Maioria dos estudantes mais pobres no Brasil tem baixo desempenho em leitura, aponta estudo internacional

Estudantes com menor nível socioeconômico (NSE) no Brasil apresentam os piores resultados em leitura, segundo uma análise dos microdados do Estudo Internacional de Progresso em Leitura (PIRLS), conduzida pelo Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede). Apenas 26,1% dos alunos mais pobres alcançam um nível considerado adequado no 4º ano do ensino fundamental, enquanto entre os estudantes com maior renda, esse índice chega a 83,9%. A diferença de 58 pontos percentuais é a maior entre os países avaliados.

Os dados revelam que quase metade (49%) dos alunos de baixa renda está abaixo do nível básico de aprendizagem em leitura. Já entre os estudantes com NSE médio e alto, esse percentual cai para 16%. O estudo aponta ainda que apenas 5% dos estudantes brasileiros têm nível socioeconômico alto, ou seja, pertencem a famílias com renda mensal acima de R$ 15 mil. A maioria (64%) pertence a famílias com renda inferior a R$ 4 mil, enquanto os demais (31%) estão na faixa intermediária.

A pesquisa, realizada pela primeira vez no Brasil em 2021 e divulgada em 2023, avaliou mais de 4.900 alunos do 4º ano em 187 escolas públicas e privadas de todo o país. Globalmente, o PIRLS foi aplicado em 57 países, com uma amostra de cerca de 400 mil estudantes em mais de 13 mil escolas.

Os resultados mostram que 40% dos estudantes brasileiros não dominam habilidades básicas de leitura, enfrentando dificuldades até mesmo em identificar informações simples nos textos. Para o diretor-fundador do Iede, Ernesto Martins Faria, a leitura é uma competência essencial, pois é a partir dela que os alunos desenvolvem outras habilidades cognitivas e sociais. Ele defende que o país precisa olhar além das médias e focar na realidade dos mais vulneráveis.

A análise também revelou disparidades entre meninos e meninas: 44,1% dos alunos do sexo masculino têm desempenho abaixo do básico em leitura, contra 33,3% das meninas. Entre os que apresentam alto desempenho, 12,7% são meninas e 9,7% meninos.

O contato com a leitura na infância é outro fator determinante. Entre os que tiveram contato frequente com livros antes do ensino fundamental, 49,7% atingiram um bom nível de leitura. Para aqueles cujo contato era esporádico, esse número cai para 36%. Além disso, filhos de pais que afirmam gostar de ler têm desempenho melhor: 47,6% alcançam nível adequado, contra 32,6% daqueles cujos pais disseram não gostar de leitura.

Para o Iede, os dados evidenciam a necessidade de políticas públicas voltadas à equidade, com foco em levar mais recursos para regiões vulneráveis, atrair bons professores para escolas em áreas de baixo NSE e melhorar a infraestrutura escolar. Ernesto Faria destaca que é preciso ter políticas intencionais que corrijam essas desigualdades, garantindo condições para que todos os estudantes tenham oportunidades de aprendizado.



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