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Mundo
25/04/2025 02:00:00

Crise entre Índia e Paquistão escala após ataque na Caxemira

Crise entre Índia e Paquistão escala após ataque na Caxemira

A tensão entre Índia e Paquistão atingiu um novo patamar nesta quinta-feira (24), após o atentado ocorrido dois dias antes na região da Caxemira indiana, que deixou 26 mortos. O ataque, reivindicado por militantes da Frente de Resistência (TRF), célula ligada ao Lashkar-e-Taiba, mirou civis e se tornou o pior massacre do tipo no país desde os ataques de Mumbai em 2008.

Testemunhas relataram que os agressores interrogavam os turistas sobre sua religião e atiravam naqueles que não sabiam recitar versos do Alcorão. A Índia responsabilizou diretamente o Paquistão, alegando envolvimento de dois cidadãos paquistaneses no ataque, e acusou o país vizinho de "promover terrorismo transfronteiriço".

Em resposta, o governo do primeiro-ministro Narendra Modi anunciou a suspensão imediata dos vistos para paquistaneses, ordenando que todos os cidadãos do Paquistão deixem o território indiano até o dia 29 de abril. Além disso, o país revogou um tratado de 1960 que regulamenta o compartilhamento da água do rio Indo e fechou a única fronteira terrestre entre os dois países, afetando significativamente a economia paquistanesa, que depende fortemente do comércio transfronteiriço.

Em contrapartida, o Paquistão adotou uma série de medidas retaliatórias: fechou seu espaço aéreo para companhias indianas, suspendeu o comércio bilateral (inclusive via terceiros países) e interrompeu a emissão de vistos especiais para indianos. Islamabad também anunciou a suspensão dos acordos bilaterais com a Índia, incluindo o Acordo de Simla de 1972, que rege os princípios de coexistência pacífica e respeito à linha de cessar-fogo na Caxemira.

O ministro das Relações Exteriores do Paquistão, Ishaq Dar, desafiou a Índia a apresentar provas do envolvimento paquistanês no atentado e acusou Nova Délhi de manipular acusações para encobrir suas próprias ações. O governo paquistanês classificou a revogação do Tratado das Águas do Indo como um "ato de guerra", advertindo que qualquer tentativa de obstrução do fluxo de água será respondida com força.

O tratado de 1960, mediado pelo Banco Mundial, regula o uso do rio Indo e seus afluentes por ambos os países. Mesmo durante guerras anteriores, o acordo permaneceu em vigor. No entanto, analistas alertam que sua suspensão representa uma grave escalada, pois a água é vital para a agricultura e energia do Paquistão.

O conflito entre os dois países pela Caxemira remonta à partição da Índia britânica em 1947. Desde então, Índia e Paquistão já travaram três guerras, sendo duas diretamente relacionadas à disputa pela região, de maioria muçulmana e palco de uma insurgência armada desde 1989. Nova Délhi, que controla parte da Caxemira, revogou sua autonomia em 2019, o que contribuiu para a intensificação do conflito.

O momento atual representa uma das maiores crises diplomáticas recentes entre as duas potências nucleares do sul da Ásia, reacendendo temores de um novo conflito armado em uma das regiões mais instáveis do mundo.



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