O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, decidiu interromper parte de sua agenda oficial na África do Sul nesta quinta-feira (24) após um dos bombardeios mais intensos contra Kiev desde o início da invasão russa em 2022. O ataque russo, realizado com mísseis e drones durante a madrugada, matou ao menos oito pessoas e deixou mais de 80 feridos, segundo autoridades ucranianas.
Zelensky anunciou seu retorno imediato à Ucrânia após encontro com o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa. Em publicação na rede X, o líder ucraniano afirmou que não poderia permanecer ausente “diante da escalada russa que visa destruir o povo ucraniano”.
De acordo com a Força Aérea da Ucrânia, a Rússia lançou 70 mísseis e 145 drones, dos quais 112 foram interceptados. Apesar disso, os danos foram extensos, com registros de destruição em 13 pontos da capital. O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, confirmou a morte de oito civis e alertou que o número pode subir, já que ainda há vítimas sob os escombros. A cidade de Kharkiv também foi alvo de mísseis, atingindo áreas residenciais densamente povoadas.
O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que os alvos dos bombardeios foram setores estratégicos, como as indústrias aeronáutica e bélica, negando ataques a civis. No entanto, as imagens dos prédios residenciais atingidos contradizem a versão oficial.
A ofensiva ocorreu poucas horas após o presidente dos EUA, Donald Trump, criticar Zelensky por não aceitar um acordo de paz que inclui a cessão da Crimeia à Rússia. Trump, que prometeu encerrar a guerra em “24 horas”, defendeu publicamente a proposta do vice-presidente JD Vance, que prevê a permanência das forças russas nas áreas ocupadas, incluindo a península anexada em 2014. A ideia, contudo, é inaceitável para o governo ucraniano, pois violaria a Constituição do país.
O ministro ucraniano das Relações Exteriores, Andrii Sibiga, reagiu duramente, afirmando que "Putin demonstra não respeitar qualquer esforço de paz". Já o primeiro-ministro Denis Shmigal acusou a Rússia de promover terrorismo contra a população civil ucraniana.
Durante a madrugada, os moradores de Kiev foram surpreendidos pelas explosões e buscaram refúgio em abrigos. Equipes de resgate trabalharam sob os escombros e enfrentaram incêndios em edifícios residenciais, ilustrando o cenário caótico causado pelo ataque.
O bombardeio acentua a tensão diplomática entre os EUA e a Ucrânia, e evidencia a crescente pressão internacional por uma solução política para o conflito. Ao mesmo tempo, Kiev reafirma sua posição irredutível em defesa da integridade territorial e da soberania nacional.