O governo do Mato Grosso do Sul iniciou uma força-tarefa para capturar a onça-pintada que matou o caseiro Jorge Avalo, de 60 anos, em uma área de mata conhecida como Touro Morto, a cerca de 230 km de Campo Grande. Esse é o primeiro ataque fatal causado por uma onça no Pantanal em 17 anos. Embora sejam considerados raros, casos de ataques de animais selvagens têm sido registrados em diferentes regiões do Brasil ao longo dos anos.
Entre os episódios mais trágicos está o ataque fatal de leões a José Miguel Júnior, de apenas 6 anos, em 2000, após um espetáculo de circo em Jaboatão dos Guararapes (PE). Outro caso marcante ocorreu em 2014, quando um menino de 11 anos foi atacado por um tigre em um zoológico em Cascavel (PR). A criança teve o braço amputado, mas sobreviveu.
No Pantanal, além da morte recente de Jorge Avalo, houve em 2008 o caso de um jovem que morreu após ser atacado por uma onça em Cáceres (MT). Desde então, foram registrados sete outros ataques não fatais de onças na região, conforme informações do pesquisador Diego Viana, da UFMS.
Em outros estados, a violência de encontros com animais também marcou a vida de algumas vítimas. Em Barreirinha, no interior do Amazonas, o pescador Adilso Carneiro, de 45 anos, teve o braço arrancado por um jacaré, que realizou o chamado "giro da morte", deixando a vítima gravemente ferida.
O litoral nordestino também acumula registros de ataques de tubarões. Desde 1992, Pernambuco já contabilizou 77 ocorrências documentadas, segundo o Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit). As vítimas são, em geral, banhistas atacados em áreas próximas à costa.
Além dos ataques, avistamentos de onças em áreas urbanas também têm se tornado mais frequentes. Em março deste ano, uma onça-pintada foi flagrada tentando entrar em um condomínio no Maranhão, sendo filmada por câmeras de segurança. No interior de Minas Gerais, casos semelhantes ocorreram: uma onça parda foi encontrada em uma residência em Santana do Paraíso e uma suçuarana surgiu na garagem de uma casa em Varjão de Minas, em 2023.
No Ceará, um gato-maracajá — conhecido como “gato onça” por sua semelhança com felinos maiores — apareceu no quintal de uma residência em Missão Velha, sendo resgatado por agentes ambientais.
Embora incidentes com animais selvagens continuem a ser exceções, os relatos chamam atenção para os riscos da crescente sobreposição entre áreas urbanas e habitats naturais, especialmente diante do avanço de atividades humanas sobre o território das espécies.