17/05/2025 13:25:51

Guerra
23/04/2025 20:00:00

O peso da "zona de segurança" de Israel para o povo de Gaza

O peso da

Israel intensificou ainda mais o controle sobre a Faixa de Gaza, forçando os 2,3 milhões de habitantes a viverem em um território cada vez mais reduzido, enquanto sua ofensiva militar avança na estreita faixa litorânea.

As Forças de Defesa de Israel (IDF) anunciaram em 16 de abril que cerca de 30% da Faixa de Gaza está agora classificada como "zonas de segurança", áreas onde os palestinos estão proibidos de viver. No dia 11, o ministro da Defesa Israel Katz já havia afirmado que os militares haviam tomado grandes regiões do sul de Gaza, como o corredor de Morag, que atravessa Gaza entre Rafah e Khan Yunis. Com isso, toda a faixa entre os corredores Filadélfia e Morag se tornou parte da chamada zona de segurança israelense.

O corredor Filadélfia é uma faixa de 14 km entre Gaza e a fronteira com o Egito, enquanto o de Morag tem cerca de 12 km, separando Rafah de Khan Yunis e isolando o restante da Faixa da passagem de fronteira egípcia. Katz declarou na plataforma X que a Faixa de Gaza está ficando "cada vez menor e mais isolada", com mais civis sendo forçados a deixar as áreas de combate. Ele também apelou aos palestinos para que "removam o Hamas do poder" e "ponham fim à guerra".

Desde 2007, o Hamas controla a Faixa de Gaza, sendo apoiado pelo Irã e classificado como organização terrorista por diversos países. O governo de Israel justifica sua ofensiva como uma forma de pressionar o grupo a libertar os reféns israelenses capturados no ataque de 7 de outubro de 2023 e aceitar um novo acordo.

Com os ataques e bloqueios, civis enfrentam consequências devastadoras. Em Rafah, Abdul Rahman Abu Taha retornou às ruínas de sua casa em janeiro, apenas para ter que fugir novamente em abril, devido a novas ordens de evacuação. Ele e sua família vivem agora em uma barraca em Khan Yunis. Ele relata destruição quase total da cidade e teme que nunca mais poderá retornar ao lar.

Desde março, após o fim do primeiro cessar-fogo, Israel bloqueou totalmente a entrada de ajuda humanitária e mercadorias. Em 14 de abril, a ONU alertou que a situação humanitária atual é "provavelmente a pior desde o início das hostilidades, há 18 meses".

A ONU também demonstrou preocupação com a criação de corredores e zonas de segurança, como o de Morag, construído sobre áreas onde centenas de casas foram demolidas. Estima-se que cerca de 400 mil palestinos tenham sido deslocados recentemente, e 70% da Faixa de Gaza encontra-se sob ordens de evacuação ou declarada "zona proibida", segundo o secretário-geral António Guterres.

Críticos denunciam que a criação dessas zonas está sendo usada para expandir o controle militar israelense de forma permanente. A ONG israelense Breaking the Silence declarou que a zona-tampão já ocupa 36% da Faixa de Gaza e denuncia o que considera uma "limpeza étnica em larga escala".

A ONG relatou destruição sistemática de casas, áreas agrícolas e infraestrutura, o que levanta preocupações sobre o futuro da produção de alimentos na região. Nadav Weiman, da organização, declarou que "nós destruímos tudo: campos, cemitérios, zonas industriais, casas". Para ele, o argumento da segurança serve para justificar o controle total sobre o território.

Lamia Bahtiti, moradora do bairro Shejaiya, no leste da cidade de Gaza, teve que se mudar para a zona oeste com seus filhos. Ela descreve um cenário de bombardeios constantes, destruição generalizada e falta de itens básicos como água potável, alimentos, produtos de limpeza e atendimento médico. "Gaza não é mais o que foi", afirma. "Tentamos sobreviver por nossos filhos e por um futuro melhor."



Enquete
Ex-Governador e atual Senador Renan Filho pretende voltar ao Governo de Alagoas, Você concorda?
Total de votos: 63
Google News