Entre os nomes mais mencionados como possíveis sucessores do Papa Francisco estão dois cardeais europeus, um filipino e um ganês. Apesar das especulações, especialistas afirmam que é difícil apontar um favorito, especialmente porque aproximadamente 80% dos cardeais com direito a voto foram escolhidos pelo próprio Francisco.
Um dos mais cotados é o italiano Pietro Parolin, de 70 anos, que ocupa o cargo de número dois no Vaticano. Outro nome que vem ganhando destaque é o do francês Jean-Marc Aveline, de 66 anos, conhecido por seu carisma e por ter sido próximo ao atual papa.
Fora da Europa, destaca-se o filipino Luís Antônio Tagle, de 67 anos, que, se eleito, se tornaria o primeiro papa asiático da história. Já no continente africano, o cardeal Peter Turkson, de Gana, com 76 anos, é visto como um possível candidato, podendo ser o primeiro papa negro.
Segundo o arcebispo de São Paulo, Odilo Pedro Scherer, não seria surpresa a escolha de um cardeal africano ou asiático para liderar a Igreja Católica. Já o frade dominicano Frei Betto acredita que o próximo papa será italiano, destacando que há pelo menos cinco cardeais italianos progressistas indicados por Francisco.
A Itália lidera com o maior número de cardeais votantes, somando 17, seguida pelos Estados Unidos, com 10, e pelo Brasil, com 7. No entanto, o papa Francisco diversificou o colégio cardinalício ao nomear cardeais de países com pouca tradição católica, o que pode influenciar os rumos da escolha.
Padre Boris Agustín Nef Ulloa, diretor da Faculdade de Teologia da PUC-SP, explica que o colégio hoje é menos centrado na Europa e na Itália. Ele destaca que há cardeais em regiões antes sem representação, como Mongólia e Timor Leste, o que amplia a diversidade de perfis e de realidades eclesiais.
As deliberações do conclave ocorrem em absoluto sigilo, e mudanças de posicionamento entre os cardeais são comuns durante o processo. Por isso, é arriscado prever com precisão quem será o escolhido. O próprio Francisco não estava entre os mais cotados quando foi eleito.
Para o jornalista e especialista em Vaticano Filipe Domingues, o próximo pontífice deve manter as reformas iniciadas por Francisco, embora com um estilo diferente. Ele aposta em alguém mais reservado, menos midiático e carismático, mas comprometido com a continuidade do trabalho de renovação da Igreja.