A jornalista russa Ekaterina Barabash, conhecida por suas críticas contundentes à invasão da Ucrânia, está sendo procurada pelas autoridades após fugir da prisão domiciliar que cumpria desde fevereiro deste ano, em Moscou. Segundo informações da imprensa estatal russa divulgadas nesta segunda-feira (21), ela é acusada de divulgar “informações falsas” sobre as Forças Armadas do país, especialmente por meio de postagens nas redes sociais.
De acordo com a agência Tass, o Serviço Penitenciário Federal de Moscou declarou Barabash oficialmente como procurada após seu desaparecimento ter sido detectado no dia 13 de abril, por meio de um sistema de monitoramento eletrônico.
Aos 63 anos, Barabash já colaborou com diversos veículos de imprensa, como a revista Republic e o serviço local da Radio France Internationale (RFI). Uma das publicações mais polêmicas ocorreu em março de 2022, no Facebook, onde afirmou que a Rússia havia “bombardeado o país vizinho” e “arrasado cidades inteiras” da Ucrânia. As declarações ocorreram pouco após o início da ofensiva militar russa, que continua sendo rigidamente protegida contra críticas pelo governo de Vladimir Putin.
Desde a invasão em fevereiro de 2022, o Kremlin tem intensificado a repressão a jornalistas, ativistas e cidadãos que manifestam oposição à guerra. Embora o governo afirme não perseguir civis por opiniões políticas, grupos de direitos humanos denunciam o uso da legislação contra a disseminação de “informações falsas” como uma ferramenta autoritária, nos moldes do sistema soviético da Guerra Fria.
Nos últimos anos, milhares de pessoas foram investigadas e processadas por “desacreditar” os militares russos. Casos como o da ex-apresentadora que denunciou a guerra ao vivo e fugiu do país, e as recentes condenações de jornalistas ligados ao opositor Alexei Navalny, morto em fevereiro de 2024, ilustram o cerco crescente à liberdade de expressão na Rússia. Na semana passada, quatro jornalistas — Sergey Karelin, Konstantin Gabov, Antonina Favorskaya e Artyom Kriger — foram sentenciados a cinco anos e meio de prisão por produzirem conteúdo para o canal do líder oposicionista. Gabov e Karelin já haviam trabalhado para a emissora alemã Deutsche Welle (DW).
A fuga de Ekaterina Barabash reforça o clima de intimidação contra a imprensa independente e o endurecimento da repressão a qualquer crítica ao governo ou às ações militares russas.