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Guerra
22/04/2025 02:00:00

Rússia intensifica recrutamento de soldados em áreas ocupadas da Ucrânia, sob denúncias de coação e uso de civis como escudos humanos

Rússia intensifica recrutamento de soldados em áreas ocupadas da Ucrânia, sob denúncias de coação e uso de civis como escudos humanos

A Rússia vem promovendo o alistamento militar compulsório de civis nas regiões ucranianas ocupadas, prática denunciada por ativistas e autoridades ucranianas como crime de guerra. De acordo com o Grupo de Direitos Humanos do Leste da Ucrânia (EHRG), pelo menos 300 pessoas foram recrutadas à força em 2024 nas regiões de Zaporíjia, Kherson, Donetsk e Lugansk, áreas sob controle russo desde a invasão do país vizinho.

Em março, Moscou anunciou a maior convocação militar dos últimos 14 anos, com a meta de recrutar 160 mil homens entre 18 e 30 anos, oficialmente desvinculada do conflito, segundo o Ministério da Defesa russo. No entanto, moradores das regiões ocupadas relataram pressões e ameaças para que aceitem o alistamento. Oleksii, jovem de 21 anos da parte ocupada de Zaporíjia, revelou que, apesar de possuir passaporte russo, vive sob receio constante de ser forçado a lutar. Já um morador da região de Lugansk contou que, por recusar a cidadania russa, tem enfrentado dificuldades até para comprar um chip de celular, devido ao controle das comunicações.

Muitos dos alistados são enviados para treinamento em regiões como Rostov, Krasnodar, Moscou ou Crimeia. Após isso, são mandados para o front, frequentemente após assinatura de contratos sob coerção, segundo o ativista Pavlo Lysianskyi. Poucos escapam dessa realidade — em 2024, apenas 15 conseguiram evitar o envio direto ao combate, segundo ele, por meio de contatos ou suborno.

O Grupo de Direitos Humanos da Crimeia afirma que o recrutamento não se limita aos cidadãos que aceitaram passaportes russos, mas inclui também ex-militares das "repúblicas populares" separatistas e membros de antigas milícias locais. O alistamento compulsório também atinge jovens maiores de 18 anos que serviram antes de 2022.

A chefe do Grupo de Direitos Humanos da Crimeia, Olha Skrypnyk, denuncia que desde 2015, a Rússia já recruta ilegalmente civis nas regiões anexadas, como a Crimeia, e que esse processo se intensificou após a invasão em larga escala. Embora a recusa ao alistamento possa gerar até dois anos de prisão, muitos punidos em 2024 receberam apenas multas ou liberdade condicional. No entanto, as penalidades não impedem que esses cidadãos sejam convocados novamente.

Casos relatados apontam que alguns homens são usados como escudos humanos, colocados à frente de tropas regulares russas, prática registrada em larga escala em 2022. Até o momento, o grupo registra ao menos 1.873 soldados oriundos da Crimeia mortos no conflito e outros 116 capturados pelas forças ucranianas.

Especialistas afirmam que a imposição do serviço militar a civis nos territórios ocupados viola o direito internacional e constitui crime de guerra, situação que tem gerado apelos por sanções e investigações internacionais.



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