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História
21/04/2025 06:00:00

Tiradentes: o mártir da Inconfidência Mineira e símbolo da República

Tiradentes: o mártir da Inconfidência Mineira e símbolo da República

Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes, foi o único participante da Inconfidência Mineira condenado à morte, tornando-se, após a Proclamação da República, um mártir exaltado por sua luta contra o domínio colonial português. Embora sua imagem tenha sido resgatada apenas com a mudança do regime político, Tiradentes se consolidou como herói nacional e símbolo de resistência.

Tiradentes nasceu em 12 de novembro de 1746, na capitania de Minas Gerais, em uma fazenda localizada entre São João del-Rei e a cidade que posteriormente levaria seu nome. Filho de Domingos da Silva Santos, um português com status social considerável, e Antônia da Encarnação Xavier, ficou órfão aos 11 anos e passou a viver sob os cuidados do tio Sebastião Ferreira Leitão, dentista que o ensinou o ofício. Ele também trabalhou como minerador, mascate e ingressou na carreira militar em 1775, tornando-se alferes e responsável pela segurança do Caminho Novo, que ligava Vila Rica ao Rio de Janeiro.

Insatisfeito com a administração colonial, principalmente por nunca ter sido promovido e, posteriormente, destituído do comando da tropa, Tiradentes passou a criticar publicamente as autoridades portuguesas. Com uma notável habilidade oratória, ele se destacou como propagandista da Inconfidência Mineira — movimento articulado por membros da elite de Minas Gerais, influenciados por ideias iluministas e revoltados com a pressão fiscal da Coroa portuguesa, especialmente com a ameaça da cobrança da derrama.

A Inconfidência foi inspirada por movimentos como a Revolução Americana e encontrou terreno fértil em Minas, onde muitos filhos da elite haviam estudado na Universidade de Coimbra e tiveram contato com os ideais iluministas. O grupo conspirava para assassinar o governador da capitania, proclamar uma república e tornar Minas Gerais independente de Portugal. Tiradentes defendia esses ideais e utilizava suas viagens e contatos para espalhar a ideia de revolta.

No entanto, o movimento foi delatado em 1789 por Joaquim Silvério dos Reis, que buscava perdão de suas dívidas com a Coroa. A delação levou à prisão de Tiradentes no Rio de Janeiro, onde ele tentou resistir, mas acabou capturado. Foi julgado junto a outros inconfidentes durante a chamada devassa, processo que durou três anos. Enquanto alguns negaram envolvimento, Tiradentes assumiu seu papel na conspiração, o que, segundo muitos historiadores, contribuiu para que a Coroa o visse como elemento perigoso e decidisse por sua execução.

Em 1792, a sentença determinou a pena de morte para dez inconfidentes. Nove deles foram perdoados por intervenção da Rainha D. Maria I e enviados ao degredo. Apenas Tiradentes foi enforcado, acusado de traição à Coroa — o crime de lesa-majestade. Após sua execução em 21 de abril daquele ano, seu corpo foi esquartejado, e partes foram expostas ao longo do Caminho Novo. Sua cabeça foi cravada em uma estaca na praça principal de Vila Rica, numa clara demonstração de força da monarquia portuguesa.

Com a Proclamação da República, em 1889, Tiradentes foi redescoberto e passou a ser exaltado como símbolo de bravura e sacrifício. Os republicanos utilizaram sua figura como contraponto à monarquia, destacando seu republicanismo e transformando-o em herói nacional. Seu rosto passou a ser representado de forma semelhante à imagem de Jesus Cristo, reforçando sua figura de mártir.

O dia de sua morte foi oficializado como feriado nacional pelo Decreto nº 155-B de 14 de janeiro de 1890. Em 1965, Tiradentes foi incluído no Livro dos Heróis da Pátria, sendo considerado patrono cívico do Brasil. Seu legado está estampado em homenagens diversas, como moedas, nomes de ruas e praças, além de sua memória ser celebrada como símbolo de luta pela liberdade.

Embora alguns historiadores questionem a idealização de sua imagem, ressaltando que a Inconfidência visava a independência apenas de Minas Gerais e não do Brasil como um todo, Tiradentes permanece como uma das figuras mais emblemáticas da resistência ao domínio colonial e da construção simbólica da identidade republicana brasileira.



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