Entre 2012 e 2024, mais de 471 mil trabalhadores brasileiros foram afastados por transtornos psicológicos, segundo dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho. O número representa um crescimento de 120,55% em relação a 2012, quando foram registrados 213.853 afastamentos por motivos ligados à saúde mental. Em média, cerca de 40 mil trabalhadores deixaram suas atividades anualmente por questões dessa natureza ao longo do período analisado.
O menor índice foi registrado em 2015, com 170.413 afastamentos. Já 2024 marcou o recorde da série histórica, revelando o agravamento das condições psicológicas no ambiente de trabalho. Os dados indicam que, entre os trabalhadores que se afastaram por tempo indeterminado devido a fatores ligados à rotina profissional, os setores com maior incidência foram os bancos múltiplos (20%), a administração pública (11,3%) e o atendimento hospitalar (10,2%).
As principais causas dos afastamentos incluem ansiedade (41,1%), episódios depressivos (21,1%), reações ao estresse (28,6%), depressão recorrente (7,46%) e transtorno afetivo bipolar (4,33%). O cenário evidencia o impacto dos fatores psicossociais sobre a força de trabalho no país.
Inicialmente prevista para entrar em vigor em 26 de maio, uma nova norma do Ministério do Trabalho e Emprego que exigiria das empresas a avaliação da saúde mental dos trabalhadores foi adiada. O psicólogo e consultor em recursos humanos Francisco Nogueira vê o adiamento como uma oportunidade para que empresas, gestores e profissionais se preparem adequadamente para a implementação da regra.
Nogueira destaca que, ao tratar de transtornos mentais, é necessário lidar com a complexidade subjetiva do sofrimento psíquico e dos riscos psicossociais envolvidos. Segundo ele, a compreensão plena dessas dimensões é essencial para garantir uma abordagem eficiente e humanizada no ambiente corporativo.