O advogado e influenciador João Francisco de Assis Neto, conhecido como “Dr. João Neto”, voltou a ser alvo de polêmica após sua prisão em flagrante por violência doméstica, em um apartamento de luxo em Maceió. A repercussão do caso levou à revelação de detalhes de seu passado, incluindo uma nota oficial da Polícia Militar da Bahia (PMBA) que desmente uma das principais alegações de sua trajetória pública: a de que teria sido policial militar.
De acordo com a PM baiana, João Neto nunca chegou a atuar como soldado. Ele foi expulso ainda durante o curso de formação, há mais de 15 anos, e jamais exerceu funções operacionais nas ruas. A informação contradiz declarações feitas por ele próprio em entrevistas e nas redes sociais, onde se apresentava como “ex-policial militar”.
Em 2024, durante participação no podcast “PodZé”, João chegou a afirmar que sua expulsão ocorreu após uma discussão de trânsito envolvendo a esposa de um coronel. Na mesma ocasião, declarou ter “matado pessoas”, sem dar detalhes ou esclarecer o contexto dessas declarações.
Com mais de 2 milhões de seguidores, João Neto construiu sua notoriedade combinando conteúdo jurídico com discursos religiosos e falas controversas. Em uma das mais criticadas, ele sugeriu que “uma mulher pode ser agredida se também tiver batido”, o que, somado ao recente caso de violência contra uma mulher, gerou forte repúdio público e institucional.
A Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB/AL) informou que o Tribunal de Ética da entidade já foi acionado, com solicitação de providências também à seccional da Bahia, onde o advogado possui inscrição principal. A cassação de seu registro profissional é uma das medidas possíveis, caso sejam confirmadas as acusações.
João Neto também tem histórico de condenações e episódios polêmicos. Em 2018, foi obrigado a pagar mais de R$ 20 mil a uma cliente por má prestação de serviços advocatícios, após decisão do Tribunal de Justiça de Alagoas. Em setembro de 2024, envolveu-se em uma briga física com outro advogado durante uma audiência em Maceió, ocasião em que a OAB chegou a acionar a Polícia Federal sob a alegação de que ele portava arma e fazia ameaças.
O influenciador também atuou como advogado na campanha eleitoral de Pablo Marçal (PRTB) à prefeitura de São Paulo em 2024. Mais recentemente, protagonizou nova controvérsia ao elogiar o ministro do STF Alexandre de Moraes, dizendo que “apesar de abusar do poder, ele conhece a Constituição de frente pra trás e de trás pra frente” — declaração que irritou aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem João se declarava apoiador.
Apesar das críticas e dos episódios envolvendo sua conduta, João Neto ainda tenta manter uma imagem pública de pai e profissional exemplar. Em postagem de Ano Novo, escreveu: “Desejo que saibam reconhecer e aproveitar o homem que sou — chefe de família dedicado e advogado exemplar”, dirigindo-se à namorada e aos filhos.