A Polícia Federal indiciou o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, por envolvimento em um esquema de manipulação de resultado esportivo e estelionato, após suspeitas de que o jogador tenha forçado um cartão amarelo durante a partida contra o Santos, em novembro de 2023, para beneficiar apostas realizadas por familiares e pessoas próximas. As investigações apontam que o atleta teria orientado o momento da advertência para garantir o lucro em plataformas de apostas esportivas.
As apurações revelam que a trama começou meses antes da partida suspeita, com trocas de mensagens entre Bruno Henrique e seu irmão, Wander Nunes Júnior. Em 7 de outubro, em conversa registrada pela PF, o jogador fala sobre transferências bancárias ligadas a apostas, afirmando que “não pode ser no nome dele” e que o assunto envolvia “negócio de aposta”. Já no dia 31 de outubro, véspera do jogo contra o Santos, Bruno Henrique liga para o irmão e o alerta: “lembra a parada que você me perguntou uns tempo atrás?”, sinalizando, segundo a PF, que planejava forçar o cartão.
O inquérito detalha que dois grupos próximos ao jogador teriam se beneficiado da aposta — um composto por familiares (irmão, cunhada e prima) e outro por amigos e conhecidos. As apostas somaram quase R$ 7 mil e renderiam cerca de R$ 14 mil de lucro. A investigação destaca que o comportamento usual de Bruno Henrique indicava apenas 15% de chance de receber um cartão amarelo naquela partida, tornando a concentração de apostas em seu nome altamente suspeita. Em algumas casas de apostas, mais de 95% das apostas estavam voltadas à advertência do atleta.
As irregularidades chamaram atenção da International Betting Integrity Association, que alertou a CBF sobre movimentações anormais em julho de 2024. A confederação abriu investigação interna e acionou a Polícia Federal, que iniciou o inquérito em setembro. Buscas e apreensões foram feitas em novembro, inclusive na residência do jogador. Entre janeiro e fevereiro de 2025, provas e laudos foram analisados e o relatório final do inquérito foi concluído, resultando no indiciamento de 11 pessoas, incluindo Bruno Henrique.
Além do atleta, também foram indiciados: Andry Sales Nascimento dos Reis, Claudinei Vitor Mosquete Bassan, Douglas Ribeiro Pina Barcelos, Vitor Mosquete Bassan, Henrique Mosquete do Nascimento, Ludymilla Araujo Lima, Max Evangelista Amorim, Poliana Ester Nunes Cardoso, Rafaela Cristina Elias Bassan e Wander Nunes Pinto Júnior.
A defesa de Bruno Henrique ainda não se manifestou. O Flamengo declarou, em nota, que não foi oficialmente comunicado sobre o caso, mas reiterou seu compromisso com o fair play e a legalidade, defendendo o direito à presunção de inocência e ao devido processo legal. O jogador, que renovou contrato com o clube em 2024 por três anos, deve receber cerca de R$ 70 milhões em salários no período.