EUA retomam contato direto com o Irã e reforçam postura: ‘Não é uma negociação’

Os Estados Unidos e o Irã terão um encontro direto neste sábado (12), em Omã, retomando oficialmente o diálogo entre os dois países pela primeira vez desde 2018, quando o então presidente Donald Trump decidiu retirar os EUA do acordo nuclear firmado durante o governo de Barack Obama. Apesar da reaproximação, o governo norte-americano nega que o encontro represente uma negociação formal.

De acordo com a rede ABC News, o Departamento de Estado deixou claro que o objetivo principal da reunião não é selar um acordo, mas abrir um canal de diálogo estratégico. A porta-voz da pasta, Tammy Bruce, enfatizou que o presidente Trump “deixou muito claro” que Teerã “nunca terá uma arma nuclear”. Ela afirmou que o encontro não configura uma mesa de negociação, mas um momento para “tocar base”, sem compromisso com tratativas diplomáticas formais.

Mesmo com esse posicionamento cauteloso, a Casa Branca admitiu que o presidente busca, sim, alcançar um novo entendimento com o regime iraniano. A secretária de imprensa do governo, Karoline Leavitt, reforçou a pressão ao afirmar que o Irã tem duas opções: “Fechar um acordo com o presidente ou pagar um preço alto.” Ela lembrou que Trump reativou sanções severas contra o regime e deixou claro que não aceitará avanços no programa nuclear iraniano.

O enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, será o representante norte-americano na reunião. Os detalhes da agenda são mantidos em sigilo, e o próprio anúncio do encontro foi feito de maneira informal por Trump, durante reunião com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na segunda-feira (7). “Estamos tendo conversas diretas com o Irã. Elas começaram. Temos uma reunião muito importante e veremos o que pode acontecer”, disse o presidente norte-americano.

Do lado iraniano, o chanceler Abbas Araghchi confirmou o encontro, mas apresentou uma visão diferente. Segundo ele, as conversas serão “indiretas e de alto nível”, classificando o momento como “uma oportunidade e um teste”. Ele não revelou quem participará da reunião em nome de Teerã.

Apesar das divergências públicas sobre a natureza do diálogo, autoridades norte-americanas insistem que a retomada do contato é um movimento estratégico e não um gesto de concessão. “Isso é bom para os iranianos”, comentou Tammy Bruce, reagindo às declarações do governo do Irã.