Ataques aéreos realizados pelos Estados Unidos contra o porto petrolífero de Ras Isa, controlado pelos houthis no Iêmen, deixaram ao menos 38 mortos e 102 feridos, segundo informações divulgadas pelo próprio grupo rebelde. Caso os dados sejam confirmados, este será o ataque mais letal desde o início da nova campanha militar do presidente Donald Trump contra os houthis, iniciada em 15 de março. O Comando Central norte-americano ainda não reconheceu vítimas nem detalhou oficialmente os alvos da operação.
O bombardeio provocou explosões de grandes proporções, com bolas de fogo iluminando o céu noturno, numa ação que representa uma escalada significativa nas ofensivas dos EUA na região. Os houthis divulgaram imagens gráficas das vítimas e acusam Washington de atingir civis. Já o Comando Central dos EUA alegou que o objetivo foi eliminar uma fonte de receita dos houthis, usada para financiar ações terroristas, e afirmou que o ataque não teve a intenção de prejudicar a população iemenita.
Em resposta, os houthis lançaram nesta sexta-feira um míssil em direção a Israel, que foi interceptado pelas forças israelenses. Sirenes de alerta soaram em Tel Aviv e outras regiões do país.
A tensão aumentou ainda mais após os EUA acusarem uma empresa chinesa de satélites, a Chang Guang Satellite Technology, de fornecer imagens que teriam ajudado os houthis a alvejar navios americanos e comerciais no Mar Vermelho. A acusação foi feita pela porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, durante uma coletiva com jornalistas. A China ainda não respondeu oficialmente, e a empresa também não se manifestou.
Essa empresa chinesa já havia sido sancionada pelo Departamento do Tesouro dos EUA em 2023, por supostamente fornecer imagens ao grupo paramilitar russo Wagner durante a guerra na Ucrânia. Apesar disso, o grau de vínculo da Chang Guang com o governo chinês ainda é incerto.
A campanha militar liderada por Trump tem sido mais agressiva que a do governo anterior, passando de ataques pontuais a locais de lançamento de mísseis para ações contra líderes rebeldes e bombardeios urbanos. Desde novembro de 2023, os houthis atacaram mais de 100 embarcações no Mar Vermelho, afundaram dois navios e mataram quatro marinheiros. Os bombardeios dos EUA também visam pressionar o Irã, que avança rapidamente em seu programa nuclear. Uma nova rodada de negociações entre os dois países está prevista para ocorrer em Roma neste sábado.