Uma operação nacional realizada pela Polícia Civil na última terça-feira (15) desmantelou uma organização criminosa virtual que recrutava adolescentes para atividades ilegais e de risco, incluindo crimes de ódio, automutilação e incentivo à violência. As investigações identificaram um adolescente de apenas 14 anos, residente em Campo Grande (MS), como um dos líderes do esquema.
A ação foi coordenada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro em conjunto com as polícias civis de sete estados e contou com o apoio do Ministério da Justiça e Segurança Pública. No Mato Grosso do Sul, o Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado cumpriu cinco mandados de busca e apreensão, com suporte do Núcleo de Computação Forense do Instituto de Criminalística.
Na residência do jovem apontado como líder, foram apreendidos computadores, celulares e documentos. Conforme a polícia, ele exercia função estratégica na estrutura do grupo, sendo responsável pela chamada “engenharia criminosa”, uma espécie de coordenação das atividades ilegais.
Outro mandado de internação provisória foi cumprido em Goiânia (GO), pela Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos, contra outro adolescente envolvido. Ao todo, foram expedidos cerca de 20 mandados de busca e apreensão, além de duas prisões temporárias de adultos e sete internações provisórias de adolescentes nos estados de Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás.
O grupo utilizava plataformas digitais criptografadas, como Discord e Telegram, para atrair adolescentes vulneráveis. Os aliciados eram incentivados a participar de desafios que envolviam automutilação, crueldade contra animais e propagação de discursos de ódio. Aqueles que se destacavam nas atividades recebiam recompensas simbólicas como forma de estímulo.
Os envolvidos poderão ser responsabilizados por crimes como associação criminosa, instigação à automutilação, maus-tratos a animais e outras infrações. As penas somadas podem ultrapassar os 10 anos de reclusão.