Um projeto inovador apoiado pelo Governo de Alagoas promete transformar o tratamento de pessoas com diabetes no estado, utilizando tecnologia de impressão 3D para desenvolver palmilhas personalizadas. A proposta visa prevenir feridas nos pés diabéticos, condição que frequentemente leva a amputações, especialmente em casos avançados e sem tratamento adequado.
A iniciativa já está em prática na Casa Fecha Feridas Prof. Isaac Soares de Lima, localizada no bairro do Trapiche, em Maceió. Ligada à Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), a unidade reúne atividades de ensino, pesquisa e atendimento clínico especializado, oferecendo uma estrutura completa para o enfrentamento do problema.
De acordo com o coordenador da unidade, o angiologista e cirurgião vascular Guilherme Pitta, o objetivo é diminuir pela metade o número de amputações relacionadas ao pé diabético na capital alagoana. Ele explica que a deformação nos pés de pessoas com diabetes gera pressão anormal em determinadas áreas, o que leva à formação de feridas. As palmilhas produzidas em 3D ajudam a redistribuir essa pressão, protegendo pontos vulneráveis e evitando lesões. Atualmente, estima-se que cerca de cinco mil pessoas em Alagoas convivam com feridas causadas por essa condição.
A estrutura da Casa Fecha Feridas conta com laboratório de produção de palmilhas, sala de Telessaúde, setor para curativos e procedimentos, dois consultórios — um de podologia e outro vascular — além de uma câmara hiperbárica. O local tem capacidade para cerca de 200 consultas e 400 curativos por mês, com uma produção média de 50 palmilhas mensais.
O fisioterapeuta e pesquisador André Jarsen, responsável pela confecção das palmilhas, explica que o processo leva aproximadamente 24 horas e garante alta precisão e durabilidade. A avaliação dos pacientes é feita mesmo sem a presença de feridas, utilizando sensores que identificam áreas de pressão que podem evoluir para ulcerações. A meta da equipe é produzir dez palmilhas por semana, priorizando a prevenção.
Para pacientes como Marilúcia Costa Lima, que já perdeu um dedo por conta de uma ferida que persiste há dez anos, a tecnologia representa uma nova esperança. Segundo ela, sem o apoio do Estado, não haveria expectativa de melhora, mas agora, com o novo tratamento, ela volta a acreditar na cura.
O secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação de Alagoas, Sílvio Bulhões, destacou a importância do projeto como exemplo de ciência aplicada ao bem-estar da população. Ele afirmou que a ação é fruto de uma colaboração entre governo, universidade e profissionais de saúde, reforçando o papel da pesquisa na transformação de vidas.
A Casa Fecha Feridas funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, na Rua Aminadab Valente, nº 159, no bairro Trapiche da Barra, em Maceió.
A pesquisa integra o Programa Pesquisa para o SUS (PPSUS), desenvolvido pelo Ministério da Saúde em parceria com os sistemas estadual e municipal de saúde. Em Alagoas, o programa chega à sua oitava edição em 2025, com recursos federais e apoio do Governo do Estado, por meio da Fapeal e da Secretaria de Estado da Saúde.