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Saúde
17/04/2025 07:00:00

Teste de saliva pode representar avanço no diagnóstico precoce do câncer de próstata, afirmam pesquisadores britânicos

Teste de saliva pode representar avanço no diagnóstico precoce do câncer de próstata, afirmam pesquisadores britânicos

Cientistas do Reino Unido anunciaram um avanço potencial no combate ao câncer de próstata por meio de um teste de saliva capaz de identificar homens com maior predisposição genética à doença. O exame analisa o DNA em busca de mutações associadas ao risco elevado, permitindo encaminhamentos antecipados para exames complementares, como biópsias e ressonâncias magnéticas, que revelaram tumores agressivos que poderiam passar despercebidos.

Apesar dos resultados promissores, ainda não há comprovação de que o novo exame seja capaz de reduzir a mortalidade, e especialistas alertam que ainda será necessário um longo período de estudos antes que o método possa ser adotado de forma rotineira.

A cada ano, cerca de 12 mil homens morrem de câncer de próstata no Reino Unido. Desde que o ciclista olímpico Chris Hoy tornou público seu diagnóstico terminal, houve aumento nos pedidos por exames preventivos, embora a recomendação do rastreamento tenha sido cada vez mais questionada. No país, o exame PSA foi descartado como rotina, por oferecer mais riscos que benefícios. No Brasil, o Ministério da Saúde e o Inca também não recomendam o rastreamento, mas entidades como a Sociedade Brasileira de Urologia defendem sua realização em grupos de risco.

O novo teste genético não detecta a presença do câncer diretamente, mas analisa 130 mutações específicas no DNA que podem indicar maior probabilidade de desenvolver a doença. No estudo conduzido com homens entre 55 e 69 anos, os 10% com maior pontuação de risco foram convidados a fazer exames adicionais. Entre os 745 participantes com pontuação elevada, 468 toparam fazer os exames, dos quais 187 foram diagnosticados com câncer de próstata — sendo 103 casos considerados de alto risco. Desses, 74 provavelmente não seriam detectados com os métodos convencionais.

Ros Eeles, do Instituto de Pesquisa do Câncer em Londres, destacou que a nova ferramenta pode mudar o cenário da detecção precoce ao identificar os casos mais perigosos e evitar tratamentos desnecessários em homens com baixo risco.

O estudo teve impacto direto na vida de Dheeresh Turnbull, de 71 anos, que foi diagnosticado com câncer mesmo sem histórico familiar. Após sua participação, seu irmão também foi incluído no estudo e descobriu ter um tumor agressivo. Segundo ele, "duas vidas foram salvas" na família graças ao novo exame.

Entretanto, ainda há obstáculos. O professor Dusko Ilic, da King’s College London, avaliou o teste como promissor, mas com impacto ainda modesto quando comparado a outros fatores de risco. Também destacou a ausência de provas de que o exame prolongue a vida ou melhore sua qualidade, além da necessidade de adaptações para populações não europeias, como homens negros, que têm risco dobrado de desenvolver a doença.

A análise de custo-benefício, possíveis efeitos colaterais e o momento ideal para a aplicação do teste também estão sob estudo. O exame será incluído no estudo Transform, que investiga formas eficazes de implementar o rastreamento no sistema público britânico.

Para Michael Inouye, da Universidade de Cambridge, o estudo representa um marco no uso da genética como ferramenta preventiva. Contudo, ele ressalta que a aplicação prática no NHS deve levar anos para ser concretizada.



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