Após a queda do regime de Bashar al-Assad, ocorrida em 8 de dezembro de 2024, a Síria entrou em um novo período de instabilidade e incertezas, especialmente para as minorias religiosas. Entre elas, os cristãos têm expressado preocupações com a segurança e iniciado uma reflexão crítica sobre o papel desempenhado por seus líderes religiosos durante a ditadura.
A tomada de poder pelo grupo islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS) — organização classificada como terrorista por diversos países — resultou em um cenário tenso. O massacre de civis alauítas, ligados à antiga cúpula do regime, despertou receios em outras comunidades. Embora os cristãos não tenham sido diretamente alvo dos ataques, informações falsas e a postura ambígua do novo governo têm causado temor.
Antes do início da guerra civil, em 2011, os cristãos representavam cerca de 10% da população síria. Hoje, não há números exatos, e a comunidade está dividida em 11 congregações, sendo as Igrejas Ortodoxa Grega e Greco-Católica Melquita as maiores. Incidentes recentes, como o ataque à arquidiocese ortodoxa em Hama e a destruição de uma árvore de Natal em Aleppo, apesar de condenados pelo HTS, aumentam a sensação de vulnerabilidade.
O novo líder sírio, Ahmed al-Sharaa, tem sinalizado respeito à diversidade religiosa, mas seu programa político ainda é vago. Enquanto isso, acadêmicos como o teólogo Assaad Elias Kattan, de origem sírio-ortodoxa, e Najib George Awad, protestante, cobram uma autocrítica das lideranças cristãs pelo apoio dado ao regime de Assad. Ambos apontam que os líderes eclesiásticos ajudaram a promover a imagem do ditador como defensor das minorias, ignorando violações de direitos humanos, como bombardeios, torturas e cercos a civis.
A crítica principal é de que os bispos silenciaram diante das atrocidades e se alinharam à propaganda oficial, contribuindo para consolidar a narrativa de proteção às minorias no exterior. Cristãos dentro e fora da Síria exigem agora que suas lideranças reconheçam publicamente os erros cometidos e adotem uma nova postura diante do atual momento do país.