Neste 14 de abril, a Organização das Nações Unidas celebra o Dia Mundial de Combate à Doença de Chagas, com foco no tema de 2025: Prevenir, Controlar e Cuidar: Todos têm um Papel na Doença de Chagas. A data busca conscientizar sobre os riscos, desafios e a necessidade de ampliar o acesso à prevenção, diagnóstico e tratamento dessa enfermidade negligenciada.
Causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi e transmitida principalmente pela picada do inseto triatomíneo, popularmente conhecido como barbeiro, a doença de Chagas afeta cerca de 7 milhões de pessoas em todo o mundo. Estima-se que mais de 100 milhões de pessoas estejam sob risco de contaminação, com a maioria dos casos concentrada em comunidades pobres da América Latina continental, embora o número de infecções venha crescendo também em outras regiões, registrando cerca de 10 mil mortes anuais.
Considerada uma “doença silenciosa e silenciada”, muitas vezes por falta de políticas públicas e infraestrutura adequada, a maioria dos infectados não apresenta sintomas na fase inicial ou manifesta apenas sinais leves, o que dificulta o diagnóstico precoce. A enfermidade, no entanto, pode evoluir para quadros graves na fase crônica. Até um terço dos pacientes desenvolve complicações cardíacas, e cerca de 10% apresentam alterações digestivas, neurológicas ou mistas.
A boa notícia é que a doença de Chagas tem cura quando tratada precocemente, ainda na fase aguda. Mesmo na fase crônica, o tratamento antiparasitário pode reduzir a progressão da enfermidade e prevenir complicações, incluindo a transmissão vertical da mãe para o bebê durante a gravidez e o parto.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca a urgência de garantir acesso universal aos serviços de saúde e de eliminar barreiras ao tratamento, especialmente para populações marginalizadas. Além disso, a entidade alerta para o estigma enfrentado por quem vive com a doença, o que pode retardar o diagnóstico e comprometer o cuidado adequado.
O nome da doença homenageia o médico infectologista brasileiro Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas, que em 1909 foi o primeiro a descrever completamente uma doença infecciosa, identificando o parasita, o vetor, os sintomas e o ciclo da enfermidade. Seu trabalho marcou a história da medicina e trouxe reconhecimento internacional à ciência brasileira.
Neste Dia Mundial, a mobilização da sociedade, profissionais de saúde e gestores públicos é essencial para que a doença de Chagas deixe de ser esquecida e passe a ser enfrentada com a atenção que merece.