Durante um encontro realizado em São Petersburgo, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, revelou que o país destinará 8,4 trilhões de rublos, o equivalente a aproximadamente R$ 589 bilhões, para modernizar a Marinha ao longo dos próximos dez anos. A iniciativa representa uma nova etapa na estratégia militar russa, voltada para a recuperação da capacidade naval após as perdas expressivas registradas no confronto com a Ucrânia. A informação foi divulgada pela revista Newsweek.
De acordo com o Kremlin, o foco da reunião foi o desenvolvimento da indústria de defesa. Putin destacou que esses recursos serão direcionados para a construção de novos submarinos e navios militares, e que devem ser considerados na formulação do novo programa estatal de armamentos. Ele ressaltou que a Rússia vem conduzindo um amplo plano de modernização naval, com estaleiros de Kaliningrado a Vladivostok trabalhando na produção em série de navios de superfície e submarinos, como os modelos Borei-A e Yasen-M.
Desde 2020, segundo a agência estatal Tass, o país já incorporou 49 embarcações à sua frota. Entre elas estão quatro submarinos estratégicos de propulsão nuclear do Projeto Borei-A e quatro submarinos multifuncionais do Projeto Yasen-M. Em março de 2025, o submarino nuclear Perm, equipado com mísseis hipersônicos Tsirkon, foi lançado na região de Murmansk.
Frota do Mar Negro em crise após ataques ucranianos
O anúncio russo acontece em meio à fragilidade crescente da frota no Mar Negro, duramente atingida pelas forças ucranianas. Kiev afirma ter neutralizado ou danificado cerca de um terço dos navios russos na região até meados de 2024, o que aumentou a urgência da modernização militar em Moscou.
Um dos episódios mais emblemáticos foi o afundamento do cruzador Moskva, em abril de 2022. Considerado o principal símbolo da Marinha russa, o navio da classe Slava afundou após um ataque ucraniano com mísseis de cruzeiro, segundo serviços de inteligência ocidentais, embora a versão oficial russa aponte um incêndio acidental no compartimento de munições como causa da tragédia.
Outro ataque marcante ocorreu em setembro de 2023, quando uma base naval em Sebastopol, na Crimeia, foi bombardeada. A Ucrânia afirmou ter destruído um navio de desembarque, um submarino e atingido um estaleiro de reparos. Ao contrário do caso do Moskva, Moscou admitiu que duas embarcações foram de fato atingidas, apesar de alegar ter neutralizado parte do ataque composto por dez mísseis de cruzeiro e três drones.
Como resposta às investidas ucranianas, a Rússia foi obrigada a transferir toda a sua frota do estratégico porto de Sebastopol para Novorossisk, no leste do Mar Negro. Essa mudança alterou substancialmente a logística e as operações navais russas na região, exigindo adaptações ao novo cenário militar imposto pelo conflito.