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Mundo
14/04/2025 14:00:00

Países aprovam taxa global sobre poluição de navios com apoio do Brasil, desafiando oposição de Trump

Países aprovam taxa global sobre poluição de navios com apoio do Brasil, desafiando oposição de Trump

Em uma decisão inédita, representantes de 63 países reunidos na Organização Marítima Internacional (IMO) aprovaram a implementação de uma taxa mínima sobre as emissões de gases de efeito estufa produzidas por navios. A medida, que enfrenta resistência dos Estados Unidos sob a liderança de Donald Trump, visa impulsionar a transição do setor naval para combustíveis menos poluentes. O novo sistema entrará em vigor a partir de 2027, após a ratificação formal marcada para outubro, conforme noticiado pela agência Associated Press.

A taxa será de no mínimo US$ 100 (cerca de R$ 580) por tonelada de poluentes emitida por embarcações que excedam limites pré-estabelecidos. Embora a cobrança não incida sobre todas as emissões, a arrecadação prevista pode alcançar até US$ 13 bilhões por ano (R$ 76 bilhões). Esses recursos serão destinados a um fundo climático da IMO, que apoiará projetos de descarbonização, premiará navios com menor impacto ambiental e auxiliará na modernização das frotas de países em desenvolvimento.

O acordo foi fruto de negociações intensas realizadas em Londres. Entre os países favoráveis à medida estão Brasil, China, África do Sul e diversas nações europeias. Em contrapartida, 16 países liderados pela Arábia Saudita se posicionaram contra a proposta, enquanto outros 24 — incluindo representantes de pequenos Estados insulares do Pacífico — optaram pela abstenção, alegando que a medida ainda é insuficiente diante da urgência da crise climática.

Apesar da conquista diplomática, organizações ambientais demonstraram reservas quanto à efetividade do acordo. Emma Fenton, da ONG britânica Opportunity Green, reconheceu o avanço, mas criticou a falta de ambição do plano. Para ela, o valor da taxa pode ser pequeno diante do custo de adaptação estrutural, o que desincentivaria mudanças reais por parte das empresas.

Além da cobrança sobre emissões, foi aprovada a criação de uma nova zona de controle de poluentes no Atlântico Nordeste. A partir da adoção da medida, embarcações que trafegarem por áreas próximas ao Reino Unido, França, Groenlândia e Ilhas Faroé deverão utilizar combustíveis mais limpos e motores adaptados. A exigência terá impacto direto sobre rotas marítimas que conectam a América do Norte, a Ásia e outras partes do planeta.

O Brasil teve participação ativa nas negociações. Durante a sessão final, um representante brasileiro — cuja identidade não foi revelada — destacou que, apesar das imperfeições do acordo, foi possível construir uma base de cooperação diante de um cenário geopolítico complexo. Segundo ele, o pacto representa uma oportunidade concreta de enfrentamento das mudanças climáticas.

Nos bastidores, a medida gerou forte reação do governo Trump. Antes mesmo da votação, os Estados Unidos alertaram que poderiam tomar “medidas recíprocas” caso seus navios fossem obrigados a cumprir a nova regra. A ameaça consta de uma carta enviada a diversas embaixadas durante a conferência, segundo o site Politico.



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