A violência desencadeada por disputas territoriais entre facções criminosas no Haiti provocou a morte de pelo menos 1.518 pessoas e deixou outras 572 feridas apenas nos primeiros três meses de 2025, conforme dados divulgados pelo Escritório de Direitos Humanos da ONU. Os confrontos ocorrem principalmente em áreas rurais e nos arredores da capital, Porto Príncipe, intensificando a já grave crise política, humanitária e de segurança no país.
As localidades de Kenscoff e Carrefour estão entre as mais afetadas, com moradores enfrentando constantes tiroteios entre gangues. De acordo com a Polícia Haitiana, ao menos quatro agentes de segurança morreram e outros quatro ficaram feridos durante os combates.
A brutalidade dos ataques tem causado pânico generalizado. Os criminosos chegaram a executar civis, incluindo mulheres e crianças, dentro de suas próprias casas. Civis em fuga foram alvejados nas ruas, inclusive uma criança pequena. O Escritório da ONU também relatou casos de violência sexual contra ao menos sete mulheres e meninas, além de mais de 190 residências incendiadas e dezenas de lares saqueados.
A resposta das autoridades tem sido insuficiente. Após os primeiros ataques em 27 de janeiro, a Polícia Haitiana, com apoio das Forças Armadas e da Missão Multinacional de Apoio e Segurança, tentou intervir, mas os conflitos se intensificaram novamente dias depois. A região montanhosa de Kenscoff, situada ao sul de Porto Príncipe, tornou-se um ponto estratégico, especialmente por sua proximidade com Pétion-Ville, onde se concentram bancos, embaixadas e outras instituições.
Além das facções armadas, grupos de autodefesa e civis não afiliados a organizações também têm protagonizado atos de violência. O cenário é agravado pelo deslocamento forçado de mais de 1 milhão de haitianos, que abandonaram suas casas para escapar do terror imposto por essas organizações criminosas.
A situação reflete o colapso institucional e a ausência de controle governamental efetivo em boa parte do território haitiano, onde a população segue exposta à violência extrema, sem perspectivas imediatas de proteção ou estabilidade.