Encontro entre EUA e Irã termina em Omã com expectativa de novas negociações

Terminou neste sábado (12) a reunião diplomática de alto nível entre representantes dos Estados Unidos e do Irã na capital de Omã. Segundo a televisão estatal iraniana, o encontro “correu bem”, embora a Casa Branca ainda não tenha se pronunciado oficialmente. Novas rodadas de conversações já estão previstas para a próxima semana.

A reunião foi marcada por seu caráter simbólico e estratégico, tanto pelo momento de tensão regional quanto pelo local escolhido: Omã, país conhecido por sua diplomacia silenciosa e por atuar como mediador em conflitos no Oriente Médio. O encontro foi intermediado pelo ministro das Relações Exteriores de Omã e contou com a presença do enviado norte-americano para o Oriente Médio, Steve Witkoff, e do chanceler iraniano, Abbas Araqchi. Ao fim das conversações, ambos falaram brevemente diante do representante omanita.

Os diálogos se estenderam por mais de duas horas em uma área reservada nos arredores de Mascate, capital do país. Após o encerramento, o comboio de Witkoff foi visto retornando à cidade, onde está localizada a embaixada dos EUA.

O contexto das negociações é de alta tensão entre Washington e Teerã, com os dois países próximos de um confronto direto nos últimos meses. Enquanto o presidente Donald Trump tem ameaçado com ataques ao programa nuclear iraniano, o Irã afirma que está próximo de atingir níveis de enriquecimento de urânio compatíveis com armamento, embora continue defendendo o uso pacífico da tecnologia nuclear.

Segundo o conselheiro iraniano Ali Shamkhani, Abbas Araqchi lidera a delegação com plenos poderes e apresentou propostas práticas durante a reunião. Ele afirmou que uma solução será possível se os Estados Unidos demonstrarem sinceridade e vontade política. Já o vice-ministro iraniano, Majid Takht-Rawangi, reiterou que o Irã está aberto ao diálogo baseado no respeito mútuo e que não aceitará pressões para abandonar seu programa nuclear com fins pacíficos.

Do lado norte-americano, a administração Trump entrou nas negociações alternando ameaças e apelos por estabilidade. Enquanto reforça o discurso de que “a paz é poder”, o governo insiste que os encontros são diretos, contrastando com a versão iraniana que trata as conversas como indiretas, embora mediadas por Omã.

Apesar das diferenças de narrativa, há uma sinalização clara de que ambas as partes estão dispostas a dar uma chance à diplomacia. As negociações, as primeiras desde o retorno de Donald Trump à presidência, serão retomadas na próxima semana e terão como foco central o programa nuclear iraniano.