Um relatório do Departamento Econômico e Social da ONU (Desa) projeta que a população mundial atingirá 10,3 bilhões de pessoas por volta de 2080, marcando um pico antes de iniciar um declínio gradual até o fim do século, quando deve totalizar cerca de 10,2 bilhões de habitantes. A estimativa faz parte dos debates da 58ª Sessão da Comissão sobre População e Desenvolvimento, que ocorre até 11 de abril na sede da organização, em Nova Iorque.
O documento destaca que fatores como fertilidade, mortalidade e migração internacional moldam o crescimento populacional. O secretário-geral da ONU, António Guterres, enfatizou que há uma mudança global em curso: as pessoas vivem mais e optam por famílias menores, o que caracteriza uma transição demográfica.
Brasil entre os países com pico populacional até 2054
Entre os países que alcançarão um pico populacional entre 2025 e 2054 estão Brasil, Irã e Vietnã. No caso brasileiro, o crescimento demográfico tende a desacelerar a partir desse período. O relatório também recomenda a ampliação de serviços voltados à automação e à qualificação de mão de obra em todas as faixas etárias, além da criação de oportunidades de trabalho para idosos que desejem permanecer ativos após a aposentadoria.
Portugal e Angola em destaque nas projeções
Portugal, Itália e Espanha deverão registrar aumento na expectativa de vida. Já Angola, ao lado de outros oito países africanos como Mali, Somália e Chade, poderá dobrar sua população até 2054. Juntas, essas nações devem concentrar mais de 20% do crescimento populacional global. Com isso, países como Paquistão, Nigéria e República Democrática do Congo tendem a ultrapassar os Estados Unidos em população.
Migração altera cenários regionais
A migração internacional tem papel relevante na mudança demográfica, especialmente em países como Portugal, Rússia e Espanha, onde contribui para o aumento do número de nascimentos. Em contrapartida, nações como Albânia, Armênia e Jamaica registram quedas nas taxas de natalidade. Apesar disso, o impacto da migração no crescimento populacional é considerado nulo em nível global, afetando apenas escalas nacionais ou regionais.
Queda na fertilidade e aumento da longevidade
A taxa global de fertilidade caiu significativamente nas últimas décadas, com a média atual de 2,25 filhos por mulher — um a menos que na geração anterior. A projeção é que esse número diminua para 2,1 até o fim dos anos 2040. Em contrapartida, a expectativa de vida aumentou 8,4 anos desde 1995, chegando a 73,3 anos em 2024. A estimativa para 2054 é de 77,4 anos. No fim da década de 2050, mais da metade das mortes deverá ocorrer a partir dos 80 anos de idade, uma elevação expressiva em comparação a 1995, quando esse índice era de apenas 17%.
África Subsaariana terá crescimento acelerado
A África Subsaariana deve ser responsável por uma parcela significativa do crescimento populacional global. A previsão é de que a região alcance 2,2 bilhões de habitantes até 2054 e 3,3 bilhões até o fim do século. Em contrapartida, países como Jamaica, Moldávia, São Vicente e Granadinas devem registrar queda na expectativa de vida para abaixo dos 72 anos.
Segundo o relatório, fatores como avanços na medicina, melhorias na higiene, nutrição e saúde pública explicam o aumento da longevidade. No entanto, crises como a pandemia de Covid-19 causaram interrupções temporárias nesse avanço. O documento reforça a importância de políticas que apoiem o envelhecimento ativo e promovam o bem-estar em todas as fases da vida.