Soldados da Coreia do Norte enviados à Ucrânia para reforçar os ataques russos na região de Kursk estão morrendo em grande número e raramente são capturados com vida. A informação foi dada pelo major Oleh Shyriaiev, comandante do 225º Regimento de Assalto Separado da Ucrânia, em entrevista à ABC News. “Eles não se rendem. Não me lembro de nenhum caso em que conseguimos capturá-los. Pegamos alguns que já estavam feridos, mas acho que morreram por causa dos ferimentos”, relatou.
A presença de cerca de 12 mil militares norte-coreanos no front foi confirmada por autoridades da Ucrânia, da Coreia do Sul e de países ocidentais. Segundo Shyriaiev, sua unidade foi uma das primeiras a enfrentar diretamente os combatentes enviados por Pyongyang, que passaram a ser usados como linha de frente nos ataques russos. “Eles são sempre usados na linha de assalto, e os russos vêm depois para garantir o terreno conquistado”, explicou.
Nos primeiros combates, os militares norte-coreanos demonstraram falta de preparo e carência de táticas modernas, além de desconhecimento no uso de drones, o que resultou em pesadas perdas. Dados da inteligência britânica apontam que, até março de 2025, aproximadamente cinco mil dos 12 mil soldados norte-coreanos enviados à guerra foram mortos ou feridos, sendo a maioria provavelmente mortos. A estimativa é corroborada também por fontes da inteligência da Coreia do Sul.
Com o tempo, no entanto, os combatentes passaram a adotar táticas mais eficazes, como o avanço em pequenos grupos com o apoio de drones de ataque e reconhecimento. Shyriaiev destacou que os soldados norte-coreanos demonstram boa resistência física, precisão nos disparos e disciplina ao resgatar seus feridos do campo de batalha.
A dificuldade em capturar combatentes vivos pode estar ligada ao temor de represálias. De acordo com o desertor Pak Yu-sung, ex-militar norte-coreano, os soldados que forem capturados e entregarem informações ao inimigo expõem suas famílias a punições severas, incluindo o envio para campos de prisioneiros políticos ou até mesmo execuções públicas.
Apesar da retirada parcial das forças ucranianas da região de Kursk, o comandante considera que a operação foi bem-sucedida ao enfraquecer significativamente o inimigo. “Eles perderam muito pessoal, muitos equipamentos. Grande parte da infraestrutura foi danificada. Isso também enfraquece a Rússia”, concluiu Shyriaiev.