O uso tático de drones pelas forças ucranianas tem dificultado de forma considerável o progresso da Rússia na guerra, segundo analistas ocidentais e membros da inteligência da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Nos últimos cinco meses, a Rússia registrou uma redução drástica em seus avanços territoriais, que agora representam apenas um quinto do que eram anteriormente, enquanto as perdas entre os militares russos aumentaram, especialmente nas regiões de Pokrovsk e Toretsk, localizadas no leste da Ucrânia. As informações são do jornal britânico The Telegraph.
A ofensiva russa, iniciada no verão passado e centrada na tomada da cidade de Avdiivka, começou a perder força nos primeiros meses de 2025, de acordo com a Otan. Dados do Ministério da Defesa indicam que os russos avançaram sobre 730,5 quilômetros quadrados em novembro de 2024, mas em março deste ano essa expansão caiu para apenas 143 quilômetros quadrados.
“Como previsto, os ganhos russos diminuíram à medida que as tropas se aproximaram de áreas urbanas, como Pokrovsk, e as baixas continuaram em níveis extremamente altos”, relatou um alto funcionário da Otan.
O retrocesso das forças russas é atribuído ao uso eficaz de drones combinados com sistemas de artilharia por parte da Ucrânia. A 59ª Brigada de Assalto afirmou que 85% das perdas causadas ao inimigo foram provocadas por sistemas não tripulados. Esses equipamentos, aliados a peças de artilharia de longo alcance fornecidas por países ocidentais, como os obuses, têm possibilitado ataques de precisão a distâncias de até 30 quilômetros.
O analista Michael Kofman, do centro de estudos Carnegie Endowment, estimou que drones ucranianos são responsáveis por mais de 60% das baixas russas diárias. “Eles são a principal barreira contra os avanços, junto com minas e artilharia convencional”, explicou. Em diversos episódios, veículos militares foram destruídos a até 10 quilômetros da linha de frente, forçando soldados russos a prosseguirem a pé.
Além do emprego tecnológico, a Ucrânia também lançou contra-ataques localizados em Pokrovsk e Toretsk, recuperando territórios que haviam sido tomados. Segundo o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), o ritmo da ofensiva russa tem diminuído mês a mês desde novembro. A resistência ucraniana conseguiu conter progressos inimigos também em áreas como Zaporizhzhya e Kharkiv, utilizando drones e fortificações defensivas.
Apesar das dificuldades, Moscou mantém sua ofensiva. Recentemente, o presidente Vladimir Putin assinou um decreto autorizando a convocação de 160 mil novos recrutas, o maior número em 14 anos. George Barros, do ISW, destacou as limitações dessa abordagem. “Quando se insiste em continuar lutando após esgotar os recursos ofensivos, ainda é possível prosseguir, mas com retornos cada vez menores. O desgaste se intensifica e a eficiência das tropas tende a cair”, alertou.