O dólar registrou forte queda nesta quarta-feira (9), encerrando o pregão cotado a R$ 5,84, com recuo de 2,54%. A desvalorização da moeda norte-americana veio após um dia de intensa volatilidade nos mercados, impulsionada pela decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de adiar por 90 dias a imposição de novas tarifas comerciais, aliviando momentaneamente as tensões da guerra comercial com diversos países.
Dia começou com alta e terminou em forte baixa
Na véspera, o dólar havia fechado em R$ 5,99 e chegou a abrir o dia em forte alta, alcançando R$ 6,09 em sua máxima. A moeda operou acima dos R$ 6 até o anúncio de Trump, que decidiu adiar a aplicação das novas tarifas, anunciadas no último dia 2 de abril. Após a declaração, o mercado reagiu de forma positiva, com queda acentuada da divisa.
China segue como exceção em meio à trégua parcial
Apesar do alívio para a maioria dos parceiros comerciais, a China permaneceu como exceção. Trump anunciou o aumento das tarifas sobre produtos chineses para 125%, em resposta à retaliação da China, que havia elevado suas próprias tarifas para 84% sobre mercadorias americanas. Para os demais países, a alíquota adicional foi reduzida uniformemente para 10%.
Reação positiva do mercado global impulsiona o real
Segundo Bruno Shahini, especialista da Nomad, o mercado respondeu ao movimento de Trump com otimismo, considerando que o presidente norte-americano cedeu à pressão do mercado, em linha com o que os analistas chamam de "Trump put" — a crença de que o ex-presidente tende a intervir com medidas favoráveis ao mercado diante de quedas acentuadas.
“A melhora externa foi o grande evento do dia. Com isso, o real recuperou parte das perdas recentes, e os ativos brasileiros, como a bolsa e os juros futuros, também foram beneficiados”, explicou Shahini.
Volatilidade persiste em meio à incerteza global
Gerson Brilhante, analista da Levante Inside Corp, avaliou que a queda do dólar representa um ajuste natural após a reação inicial exagerada do mercado às tarifas, combinada com o temor de recessão global e a sinalização de uma postura mais aberta ao diálogo por parte de Trump.
“O mercado global está em compasso de espera, atento aos próximos desdobramentos da disputa entre EUA e China e aos indicadores econômicos que serão divulgados nos próximos dias, como a decisão do Federal Reserve. Apesar do alívio momentâneo, a volatilidade ainda deve permanecer no radar”, afirmou o analista.
O cenário segue instável, e os investidores permanecem atentos aos desdobramentos da política comercial norte-americana, especialmente diante do impacto direto nas economias emergentes e nas expectativas para o crescimento global.