Duas estudantes de medicina estão sendo investigadas pela Polícia Civil de São Paulo após publicarem um vídeo no TikTok em que ironizam o tratamento de uma paciente submetida a diversos transplantes cardíacos. A gravação gerou forte reação da família de Vitória Chaves da Silva, falecida em fevereiro, que reconheceu a jovem como alvo dos comentários e registrou um boletim de ocorrência por injúria, além de acionar o Ministério Público com pedido de retratação pública.
Família denuncia deboche e exige respeito à memória da paciente
O vídeo, gravado por Gabrielli Farias de Souza e Thaís Caldeiras Soares Foffano, causou indignação por sugerir, mesmo sem citar nomes, que uma paciente teria perdido um transplante por negligência ao não tomar a medicação. A família de Vitória, que morreu por choque séptico e insuficiência renal crônica, afirma que o conteúdo é ofensivo e desrespeitoso, destacando que a rejeição de um dos órgãos foi consequência de uma doença do enxerto, não de descuido pessoal.
Os familiares relatam sofrimento adicional ao ver a memória de Vitória exposta com tom de deboche e lamentam que a jovem, que nunca deixou de seguir as orientações médicas, tenha sua imagem usada de forma irresponsável. A jovem, diagnosticada com cardiopatia congênita ainda na infância, enfrentou anos de internações e passou por três transplantes de coração e um de rim. Sua trajetória foi acompanhada pela imprensa, incluindo uma reportagem exibida no Profissão Repórter, em 2016.
Ministério Público e universidades acompanham o caso
O caso está sendo apurado pelo 14º Distrito Policial, em Pinheiros, e também foi encaminhado à Promotoria de Justiça de Direitos Humanos da Capital, que analisa o material. A mãe de Vitória já prestou depoimento. As universidades das alunas envolvidas, Faseh e Anhembi Morumbi, se pronunciaram em nota, afirmando que o comportamento relatado não condiz com os valores das instituições e que medidas internas estão sendo tomadas.
A Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), onde as estudantes estavam participando de um curso de extensão, esclareceu que elas não têm vínculo acadêmico com a instituição e que foram notificadas às universidades de origem. A FMUSP também afirmou estar reforçando as diretrizes éticas com todos os participantes de seus programas.
Até o momento, Thais não se manifestou publicamente, e Gabrielli não foi localizada para comentar o caso. O Ministério Público confirmou o recebimento da denúncia e segue avaliando os próximos passos da investigação.