Nos últimos anos, o mundo tem acompanhado uma crescente disputa comercial entre as duas maiores economias globais: Estados Unidos e China. Essa rivalidade, que teve um novo capítulo nesta semana com a elevação drástica de tarifas por parte dos dois países, já é considerada uma das maiores guerras comerciais da era moderna.
Tarifas elevadas acentuam o conflito entre as potências
Em um discurso recente, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, declarou que Pequim resistirá até o fim se Washington insistir em manter uma guerra tarifária ou qualquer outro tipo de confronto econômico. A fala veio logo após o governo norte-americano elevar suas tarifas sobre produtos chineses para mais de 100%, provocando uma retaliação imediata da China, que subiu suas taxas sobre mercadorias dos EUA para 84%. Pouco depois, Donald Trump respondeu com um novo aumento, elevando as tarifas americanas para 125%.
O que é uma guerra comercial?
Uma guerra comercial é um embate econômico em que países aumentam tarifas e impõem barreiras comerciais uns contra os outros. Geralmente motivada por políticas protecionistas, esse tipo de conflito pode escalar rapidamente, com medidas de retaliação sucessivas entre os envolvidos. Ao longo da história, diversas guerras e disputas comerciais marcaram períodos de tensão entre nações. Embora muitos desses impasses tenham sido resolvidos por meio de tratados, acordos de livre comércio e intervenções da Organização Mundial do Comércio (OMC), os efeitos econômicos podem ser duradouros.
Dimensão e impacto do atual conflito entre China e EUA
Embora tenha se intensificado recentemente, a disputa teve início ainda em 2018, durante o primeiro mandato de Trump, quando foram impostas tarifas sobre produtos chineses. A China reagiu, e mesmo após um acordo parcial em 2020, a maioria das tarifas foi mantida. Em 2024, o comércio bilateral somava cerca de 585 bilhões de dólares, com forte superávit chinês: os EUA importaram 440 bilhões de dólares em bens chineses e exportaram apenas 145 bilhões.
Atualmente, a tarifa média dos EUA sobre produtos chineses gira em torno de 104%, enquanto as tarifas chinesas sobre itens americanos são estimadas em 56% — número que deve aumentar com as novas medidas. Além disso, barreiras não tarifárias estão em jogo: a China restringiu a exportação de terras raras e abriu investigações contra empresas americanas, como DuPont, Google e Nvidia.
Escalada de medidas pode envolver empresas e investimentos
Pequim pode endurecer ainda mais ao mirar empresas americanas atuando no território chinês, como a Apple, ou restringir investimentos. Do lado dos EUA, Trump sinaliza que pretende ampliar as restrições a investimentos e exportações de tecnologias estratégicas para a China, com o objetivo de conter seu avanço tecnológico.
Risco de novas guerras comerciais e expansão do conflito
As tarifas recíprocas de Trump também atingem outros países. Com alíquotas de 10% já impostas globalmente e medidas específicas para dezenas de nações, cresce o risco de múltiplas disputas comerciais simultâneas. A União Europeia, por exemplo, já ameaçou impor tarifas de 25% em resposta às medidas americanas sobre aço e alumínio, enquanto negocia uma possível trégua.
Mesmo o Japão, aliado tradicional dos EUA, foi citado por Trump como um dos primeiros países a buscar um acordo para evitar tarifas maiores.
Futuro incerto para o comércio global
Apesar de possíveis negociações com algumas nações, não há sinal de recuo entre Washington e Pequim. Ambos os lados parecem acreditar que estão em posição de vantagem, e as tensões podem se prolongar. O desfecho ainda é imprevisível, mas o cenário atual aponta para um longo período de incerteza no comércio internacional, com impactos potenciais em cadeias de suprimentos, investimentos e crescimento econômico em escala global.