Com mais de 700 mil novos casos estimados por ano no Brasil, o câncer representa um dos maiores desafios à saúde pública. Falar sobre rastreamento oncológico é tratar diretamente de prevenção e cuidado. A detecção precoce de um tumor aumenta consideravelmente as chances de sucesso no tratamento, o que pode significar a diferença entre a vida e a morte. Em resumo: quanto menor o tumor, maiores são as chances de cura.
Antes de tudo, é importante diferenciar rastreamento de diagnóstico. O rastreamento é feito em pessoas sem sintomas, com o objetivo de identificar alterações suspeitas antes do surgimento da doença de forma avançada. Já o diagnóstico acontece quando existem sinais clínicos, sendo necessário recorrer a exames mais específicos para confirmar ou descartar a presença de câncer e definir o melhor tratamento.
Exames indicados para os principais tipos de câncer
No Brasil, alguns tipos de câncer têm protocolos definidos para rastreamento:
Câncer de mama: a mamografia é indicada anualmente a partir dos 40 anos. Porém, no Sistema Único de Saúde (SUS), a recomendação oficial é que mulheres entre 50 e 69 anos façam o exame a cada dois anos, conforme orientação do Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Câncer do colo do útero: mulheres entre 25 e 64 anos que já iniciaram a vida sexual devem realizar o exame de Papanicolau. A recomendação é que o exame seja feito anualmente e, caso dois resultados consecutivos estejam normais, o intervalo pode ser estendido para três anos. O teste de DNA do HPV também está sendo incorporado ao SUS como mais uma ferramenta de rastreio.
Câncer colorretal: a colonoscopia deve ser realizada a partir dos 45 anos. Pessoas com histórico familiar da doença ou outros fatores de risco devem começar antes, conforme recomendação médica.
Câncer de próstata: o Brasil não adota rastreamento populacional para este tipo de câncer. No entanto, homens a partir dos 50 anos — ou dos 45, no caso de histórico familiar — devem conversar com o médico sobre a possibilidade de realizar o exame de PSA e o toque retal.
Câncer de pulmão: não há recomendação oficial de rastreamento para a população em geral, mas pessoas consideradas de alto risco, como fumantes e ex-fumantes pesados entre 55 e 80 anos, podem se beneficiar da tomografia computadorizada de baixa dose.
Fatores que exigem rastreamento antecipado
Além das diretrizes padrão, existem situações que justificam iniciar o rastreamento mais cedo ou realizá-lo com maior frequência. Entre os principais fatores estão o histórico familiar de câncer em parentes de primeiro grau, presença de mutações genéticas hereditárias — como os genes BRCA1 e BRCA2, ligados aos cânceres de mama e ovário —, exposição a agentes cancerígenos como o tabaco, álcool em excesso e substâncias químicas, além de doenças pré-existentes como colite ulcerativa, que eleva o risco de câncer colorretal.
Prevenção começa com o autocuidado
A base da prevenção continua sendo o autocuidado. Manter hábitos saudáveis, praticar atividades físicas regularmente, manter uma alimentação rica em frutas, legumes e verduras, evitar o consumo de álcool e cigarro e estar atento a qualquer alteração no corpo são medidas fundamentais. Procurar um médico diante de qualquer sintoma diferente é essencial para garantir um diagnóstico precoce. Afinal, quanto antes o câncer for detectado, maiores são as chances de um tratamento bem-sucedido.