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Educação
08/04/2025 06:00:00

MEC prepara mudanças nas avaliações de estudantes da área da saúde; entenda

MEC prepara mudanças nas avaliações de estudantes da área da saúde; entenda

O Ministério da Educação está desenvolvendo um novo modelo de avaliação para os cursos das áreas de saúde nas universidades, com foco em tornar mais rigorosa a análise da formação prática dos estudantes. A partir do próximo ano, o objetivo é verificar com mais profundidade o que os alunos, especialmente os de medicina, estão aprendendo durante atendimentos em postos de saúde, ambulatórios, maternidades e hospitais, além de avaliar a supervisão feita por professores nesses ambientes.

Atualmente, as avaliações do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), vinculado ao MEC, seguem padrões semelhantes para todos os cursos, como direito, sem considerar as particularidades das áreas da saúde. Com a mudança, o governo busca uma fiscalização mais adequada à realidade dos cursos médicos e similares. A base das novas diretrizes deve ser submetida à consulta pública ainda neste semestre.

Avaliação prática mais rígida busca qualificar cursos e corrigir falhas

De acordo com Alcindo Cerci Neto, coordenador da Comissão de Ensino Médico do Conselho Federal de Medicina (CFM), a medida é vista com bons olhos, especialmente se houver consequências reais para os cursos que não atenderem aos critérios estabelecidos. “O que acontece hoje é que os cursos são repreendidos, não se adaptam e continua tudo como está”, afirmou.

O esforço visa não apenas melhorar a qualidade do ensino, mas também combater a evasão dos programas de residência médica, etapa fundamental para a especialização dos profissionais da saúde. Atualmente, o Brasil oferece cerca de 70 mil vagas de residência por ano, mas cerca de 20 mil não são preenchidas.

Falta de especialização preocupa instituições médicas

A falta de adesão à residência médica tem levado muitos recém-formados a entrarem diretamente no mercado de trabalho sem qualificação específica. A Academia Nacional de Medicina estima que cerca de 40% dos médicos em atividade no país não tenham feito residência.

Exemplos como o da médica Vitória, que decidiu se aprofundar na clínica geral por meio da residência médica, ilustram a realidade enfrentada por muitos profissionais. Durante dois anos, ela receberá uma bolsa de aproximadamente R$ 4 mil, valor bem inferior ao que poderia ganhar atuando em hospitais sem a especialização. Segundo ela, alguns colegas optam por ingressar diretamente no mercado para acumular renda e só depois buscam se especializar.

Com as mudanças propostas, o MEC espera não apenas fortalecer a formação prática dos estudantes, mas também incentivar um caminho mais estruturado e qualificado para os futuros profissionais da saúde no Brasil.