Os mercados financeiros ao redor do mundo registraram fortes quedas nesta segunda-feira (07/04), refletindo o impacto das amplas tarifas impostas pelos Estados Unidos e das sanções retaliatórias anunciadas pela China. A medida provocou uma onda de pânico entre investidores, com bolsas na Ásia e na Europa atingindo os menores níveis em décadas.
Ásia registra quedas históricas
Na Ásia, as bolsas sofreram perdas expressivas. Em Hong Kong, o índice fechou em queda de 13%, a pior desde outubro de 1997, período da crise financeira asiática. Em Taipei, o tombo foi de 9,7%, enquanto em Tóquio as ações recuaram quase 8%. Xangai também registrou queda significativa, com retração de 7%.
Bolsas em Singapura, Seul, Manila e Mumbai abriram em baixa e recuaram entre 4% e 8%. A pressão foi sentida em diversos setores, como tecnologia, automóveis, energia, bancos e cassinos. Entre as maiores perdas, destacam-se as chinesas Alibaba e JD.com, cujas ações caíram 17% e 14%, respectivamente. A japonesa SoftBank despencou mais de 11% e as ações da Sony perderam 9%.
Economistas alertam para risco de recessão
Steve Cochrane, economista-chefe da Moody's Analytics para a região Ásia-Pacífico, alertou que os EUA podem entrar em recessão rapidamente, o que também afetaria diretamente a economia chinesa. Segundo ele, a queda na demanda global pode aprofundar ainda mais a crise comercial.
Commodities também em queda
O preço do petróleo recuou mais de 3% nesta segunda-feira, após já ter caído 7% na sexta-feira, refletindo a preocupação com a queda da demanda global. Países produtores como Bahrein, Kuwait, Omã, Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos enfrentam agora tarifas de 10% sobre seus produtos. No caso do Iraque e da Síria, as taxas chegam a 39% e 41%, respectivamente.
O cobre, essencial para a produção de veículos elétricos e sistemas de energia renovável, também registrou queda acentuada.
Europa sente impacto e bolsas despencam
Na Europa, as tarifas americanas de 20% sobre produtos do continente, com início previsto para esta quarta-feira, provocaram reações imediatas. Frankfurt registrou queda de até 10% nas primeiras horas de negociação. Milão caiu 7,5%, enquanto Paris, Madri e Amsterdã recuaram pouco mais de 6%. Londres e Oslo perderam mais de 5%.
Ações de grandes empresas como Airbus, Safran e Kering (controladora da Gucci) caíram 10% em Paris. A fabricante alemã Rheinmetall perdeu mais de 13% e o Commerzbank caiu quase 12% em Frankfurt. Em Londres, a Melrose Industries liderou as perdas com queda de cerca de 8,5%.
A União Europeia estuda adotar medidas retaliatórias e pode elevar tarifas sobre produtos americanos, ampliando a guerra comercial.
Wall Street também foi afetada
Na sexta-feira, os três principais índices de Wall Street fecharam com queda próxima de 6%. O índice S&P 500 recuou 10,53% em dois dias, registrando seu quinto pior desempenho em sequência desde a Segunda Guerra Mundial. Segundo o Deutsche Bank, esse nível de perda só foi observado anteriormente durante eventos como a crise da covid-19, a crise financeira de 2008 e a queda histórica da segunda-feira negra de 1987.
Fed prevê inflação e desaquecimento econômico
O Federal Reserve já admite a possibilidade de que as novas tarifas gerem aumento da inflação, elevação do desemprego e desaceleração do crescimento nos Estados Unidos. O cenário global se mostra cada vez mais instável, com os mercados reagindo de forma negativa à escalada das tensões comerciais entre as maiores potências do planeta.