O Brasil registrou, em 2023, aproximadamente 10 milhões de estudantes matriculados no ensino superior, o que representa um aumento de 5,6% em relação ao ano anterior, conforme dados da 15ª edição do Mapa do Ensino Superior no Brasil. O crescimento foi puxado, principalmente, pelas instituições privadas, responsáveis por 79,3% das matrículas – um avanço de 7,3% comparado a 2022.
O ensino à distância (EAD) vem ganhando espaço rapidamente e está prestes a ultrapassar o modelo presencial. Enquanto os cursos presenciais ainda concentravam 50,7% das matrículas, os cursos EAD já correspondiam a 49,3%, um salto de 3,4 pontos percentuais em apenas um ano.
Apesar da expansão, o setor enfrenta um desafio persistente: a alta evasão escolar. Em alguns cursos, especialmente na modalidade a distância, o índice de abandono chega a 60%. De acordo com Lúcia Teixeira, presidente da Unisanta, fatores econômicos continuam sendo os principais motivos para a saída precoce dos alunos, que muitas vezes não conseguem arcar com os custos e dependem de financiamento para prosseguir os estudos.
Redução nos programas de financiamento agrava cenário de abandono
Os programas públicos de financiamento estudantil também vêm sofrendo retrações. O Fies foi utilizado por apenas 1% dos calouros em 2023, enquanto o ProUni reduziu significativamente suas bolsas, caindo de 610 mil para cerca de 403 mil. Lúcia Teixeira destaca que as regras rígidas do Fies e a instabilidade quanto ao futuro financeiro dos estudantes tornam o financiamento direto com as instituições uma alternativa mais viável.
Atualmente, apenas 20% dos jovens brasileiros entre 18 e 24 anos estão matriculados em instituições de ensino superior, número que ainda está bem abaixo das metas do Plano Nacional de Educação. Para reverter esse cenário, especialistas defendem a ampliação de programas públicos de incentivo e o desenvolvimento de políticas mais eficazes para garantir que os alunos não apenas ingressem, mas também concluam seus cursos.