Na recém-lançada terceira temporada da série The White Lotus, disponível na plataforma Max, um medicamento chama a atenção do público quase tanto quanto os próprios personagens: o lorazepam. O ansiolítico se torna parte central do enredo ao ser consumido com frequência por Victoria Ratliff, vivida por Parker Posey, e mais tarde também por seu marido, Timothy Ratliff, interpretado por Jason Isaacs.
De acordo com o National Institutes of Health (NIH), o lorazepam é indicado principalmente para o tratamento de quadros de ansiedade, sendo geralmente prescrito por curtos períodos — entre duas a quatro semanas — e em doses que não ultrapassem os 10 miligramas por dia, divididos em duas ou três tomadas diárias. Sua rápida ação faz com que seja uma escolha comum entre os ansiolíticos, mas o uso fora das orientações médicas, como ocorre na série, pode trazer consequências sérias.
O medicamento, da classe dos benzodiazepínicos, tem alto potencial de causar dependência, especialmente quando utilizado por períodos prolongados ou de forma contínua. Efeitos colaterais frequentes incluem tontura, fraqueza, sonolência e desequilíbrio. Em casos mais graves, seu uso indevido pode levar a overdose, principalmente quando combinado com substâncias como o álcool, o que pode resultar em respiração lenta, pressão arterial extremamente baixa e, em alguns casos, risco de morte.
A farmacêutica Marta Miyares, em entrevista ao site HealthDigest, alertou para o risco de que representações como a da série acabem banalizando o uso do medicamento. Ela apontou um estudo publicado em 2019 no Psychiatric Services, que mostrou que cerca de 20% dos usuários de benzodiazepínicos fazem uso inadequado dessas substâncias. Um comportamento comum é o compartilhamento do remédio entre amigos ou familiares — algo que também aparece retratado nos episódios.
Apesar de a ficção contribuir para ampliar a discussão sobre saúde mental e medicação, especialistas alertam para a necessidade de responsabilidade tanto no consumo quanto na forma como esses medicamentos são retratados. O uso do lorazepam, assim como de qualquer substância controlada, deve sempre ser orientado por um profissional de saúde e acompanhado de perto, evitando riscos de dependência e complicações à saúde.