A Organização das Nações Unidas expressou profunda preocupação com relatos de execuções extrajudiciais cometidas por militares sudaneses contra civis na capital Cartum, recentemente retomada das mãos do grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF). Segundo denúncias do grupo local Emergency Lawyers, o exército tem executado no local pessoas suspeitas de apoiar os paramilitares rivais.
Vídeos mostram execuções a sangue frio
Em comunicado divulgado no início desta semana, os Emergency Lawyers relataram que civis foram mortos sumariamente em áreas controladas pelos militares. Vídeos publicados pelo grupo, ainda não verificados de forma independente, mostram indivíduos com os olhos vendados sendo mortos a tiros por homens uniformizados e civis armados.
O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (ACNUDH) também citou gravações semelhantes, nas quais os autores das execuções afirmam estar punindo apoiadores das Forças de Apoio Rápido. O porta-voz do ACNUDH, Thameen al-Kheetan, classificou os atos como "graves violações" e defendeu a responsabilização dos envolvidos e de seus comandantes.
Volker Türk pede fim da violência contra civis
O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, declarou estar "chocado" com os relatos e exigiu o fim imediato das execuções e da “privação arbitrária da vida”. Ele também criticou o silêncio do exército sudanês, que não se pronunciou oficialmente sobre as acusações ou sobre os apelos das Nações Unidas.
Cresce o discurso de ódio e o risco de perseguições
Além das execuções, o ACNUDH alertou para a escalada do discurso de ódio nas redes sociais, incluindo a divulgação de listas com nomes de pessoas supostamente ligadas às Forças de Apoio Rápido, o que pode impulsionar ainda mais a violência e perseguições contra civis.
Conflito deixa rastro de mortes e deslocamentos
A guerra civil no Sudão teve início em abril de 2023, com confrontos diretos entre o exército e as Forças de Apoio Rápido. Mesmo após retomar posições estratégicas como a cidade de el-Fasher, no Darfur do Norte, o exército continua enfrentando resistência armada em várias partes do país.
Estima-se que pelo menos 20 mil pessoas tenham morrido no conflito, embora analistas considerem que o número real de vítimas pode ser ainda maior. Mais de 14 milhões de sudaneses foram forçados a deixar suas casas, e várias regiões enfrentam atualmente uma grave crise alimentar, com risco iminente de fome.