Em mais um esforço para demonstrar força militar, a Coreia do Norte apresentou recentemente drones com aparência semelhante aos dos Estados Unidos, mas que, segundo especialistas, não passam de imitações superficiais, sem equivalência tecnológica. O líder Kim Jong-un acompanhou pessoalmente o teste de voo de um desses drones na última semana, alimentando especulações sobre possíveis avanços no programa de vigilância norte-coreano, conforme divulgado pela Radio Free Asia (RFA).
O modelo apresentado guarda semelhanças com o RQ-4B Global Hawk, utilizado pelos EUA em missões de reconhecimento de longo alcance. No entanto, uma análise conduzida pelo Center for Strategic and International Studies (CSIS) revelou que os drones desenvolvidos por Pyongyang ainda estão distantes do nível de sofisticação dos originais americanos. O centro esclareceu que, embora se fale amplamente sobre cópias norte-coreanas de equipamentos como o RQ-4B, os veículos não tripulados não podem ser considerados réplicas fiéis.
Análise indica que drones são menores e menos equipados
Segundo o CSIS, o modelo norte-coreano Saetbyol-4 mede aproximadamente 12 metros de comprimento, enquanto o Global Hawk possui 14,5 metros, além de contar com sensores e sistemas de vigilância muito mais avançados. Outro drone exibido por Pyongyang, o Saetbyol-9, foi comparado ao MQ-9A Reaper, drone de ataque norte-americano. Apesar da aparência semelhante, o equipamento norte-coreano é mais compacto e não demonstra possuir as tecnologias de rastreamento e comunicação presentes no original.
Para o centro de estudos, a Coreia do Norte provavelmente optou por copiar o visual dos drones norte-americanos como forma de acelerar seu próprio desenvolvimento, utilizando estruturas já testadas. “Do ponto de vista da propaganda, os nomes atribuídos aos modelos norte-coreanos servem para insinuar uma capacidade tecnológica que o país deseja projetar para o mundo”, destacou o CSIS.
Coreia do Norte exibe drones com suposta IA e novo sistema de radar
Além dos modelos inspirados em drones norte-americanos, o regime norte-coreano também apresentou um novo sistema de radar aéreo e drones suicidas equipados com inteligência artificial. Esses últimos teriam atingido alvos terrestres com precisão durante os testes. De acordo com a agência estatal KCNA, Kim Jong-un avaliou de forma positiva a eficiência militar e o valor estratégico tanto dos drones de reconhecimento quanto dos veículos de ataque com suposta tecnologia de inteligência artificial aprimorada.
Informações de serviços de inteligência dos Estados Unidos e da Coreia do Sul apontam que a Rússia pode ter fornecido suporte técnico para o desenvolvimento e a produção em massa desses drones, em troca do envio de tropas norte-coreanas para o conflito na Ucrânia. Estima-se que até 12 mil militares norte-coreanos tenham sido enviados, além do fornecimento de armamentos como mísseis balísticos. No entanto, nem Moscou nem Pyongyang confirmaram oficialmente essas alegações.