O governo de Israel anunciou nesta quarta-feira (2) a ampliação da operação militar na Faixa de Gaza com o objetivo de ocupar “grandes áreas” do território palestino. Segundo o ministro da Defesa, Israel Katz, a ofensiva tem como meta "esmagar e eliminar" a presença de combatentes e estruturas do Hamas, e integrar esses territórios a zonas de segurança sob controle israelense.
Katz destacou que o perímetro de segurança ao longo das fronteiras norte e leste de Gaza é considerado essencial para a proteção dos cidadãos israelenses nas áreas limítrofes. Ele apelou aos moradores locais para que "expulsem o Hamas e devolvam todos os reféns" ainda mantidos em cativeiro desde os ataques de 7 de outubro de 2023.
Grupo de reféns critica estratégia e teme abandono
Segundo dados oficiais, dos 250 indivíduos sequestrados em outubro, 59 seguem em poder do Hamas, organização considerada terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia. Desses, estima-se que 24 estejam vivos. O Fórum das Famílias dos Reféns e Desaparecidos expressou indignação com a expansão militar e alertou que a libertação dos cativos parece ter sido “relegada a segundo plano”.
“Será que os reféns foram sacrificados em nome de conquistas territoriais?”, questionou o grupo, criticando a insistência em incursões terrestres nas mesmas regiões já atingidas anteriormente, em vez de buscar um acordo para encerrar o conflito.
Proposta de "emigração voluntária" volta ao debate
A ideia de promover a saída de palestinos de Gaza reapareceu após declarações do próprio ministro da Defesa, que no fim de março afirmou que novas ofensivas seriam intensificadas. Em fevereiro, Katz já havia sugerido a criação de uma agência para viabilizar a “emigração voluntária” da população local, inspirando-se em uma proposta do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, para realocar os habitantes de Gaza e transferir a administração do território a Washington.
Israel retoma bombardeios e ofensiva terrestre
Desde 18 de março, Israel retomou bombardeios intensivos em Gaza, encerrando um cessar-fogo que durou menos de dois meses. Os ataques recentes atingiram áreas como Khan Yunis e o campo de refugiados de Nuseirat, resultando na morte de pelo menos 17 pessoas, entre elas crianças, segundo a Defesa Civil local.
O Ministério da Saúde do território administrado pelo Hamas divulgou nesta terça-feira que o número de mortos desde o reinício das operações já soma 1.042, elevando o total de vítimas palestinas desde outubro para 50.399 — a maioria civis.
Alemanha nega envolvimento em esquema de migração
O Ministério das Relações Exteriores da Alemanha negou qualquer participação em um suposto plano de “emigração voluntária” de palestinos para países terceiros, após relatos israelenses de que moradores de Gaza teriam sido levados à cidade de Leipzig. Berlim afirmou que apenas facilitou a retirada de 19 cidadãos alemães e seus familiares de Gaza, como parte de uma “evacuação de rotina em tempos de guerra”.
O governo alemão reforçou que tem atuado desde o início do conflito para garantir a segurança e o retorno de seus cidadãos, negando envolvimento em qualquer política de realocação da população palestina.