Atualmente composta por 30 países, a "Coligação de Interessados" surge como resposta à necessidade urgente de garantir um acordo de paz sustentável para a Ucrânia, diante da ameaça contínua da Rússia. A iniciativa ganhou força após o telefonema de 90 minutos entre Donald Trump e Vladimir Putin, ocorrido em 12 de fevereiro, que gerou preocupação na Europa ao sinalizar uma possível negociação unilateral sem envolver aliados ocidentais.
Uma força de segurança internacional na Ucrânia
O núcleo da coligação será uma força de tranquilização composta por tropas ocidentais que poderá ser posicionada em território ucraniano. A intenção é garantir a implementação e o respeito a um futuro acordo de paz, além de servir como dissuasor à Rússia. A proposta foi destacada por líderes como Keir Starmer, do Reino Unido, e Emmanuel Macron, da França, que colideram a iniciativa. A força, no entanto, não atuaria na linha de frente como missão de paz, mas em pontos estratégicos como cidades, portos e usinas.
Países que integram a coligação
A coligação tomou forma após encontros promovidos por Macron e Starmer, reunindo inicialmente um grupo seleto de líderes. A cimeira mais recente, realizada em Paris, contou com 33 delegações, incluindo os líderes de países como Alemanha, Itália, Espanha, Suécia, Portugal, Países Baixos, Polónia e os países bálticos. Canadá e Austrália participaram por meio de seus embaixadores. A Comissão Europeia, o Conselho Europeu e a OTAN também marcaram presença. Japão e Nova Zelândia foram mencionados como parte da coligação, mesmo sem presença nas reuniões recentes.
Quem está de fora
Nem todos os países da União Europeia aderiram à coligação. Malta e Áustria optaram por não participar, citando sua neutralidade. Hungria e Eslováquia, apesar de integrarem a OTAN, discordam do envio de ajuda militar à Ucrânia. A Suíça, tradicionalmente neutra, também se mantém fora, assim como os seis países dos Balcãs Ocidentais.
Três frentes de ação da coligação
A coligação trabalha em três eixos principais: garantir apoio contínuo às Forças Armadas da Ucrânia com fornecimento de armas e treinamento; estabelecer uma força de tranquilização em solo ucraniano como garantia de segurança; e fortalecer a indústria de defesa europeia. A Comissão Europeia já propôs um pacote de até 800 bilhões de euros em novos investimentos, dos quais a Ucrânia poderá se beneficiar.
Envio de tropas: quem se comprometeu
França e Reino Unido são os únicos países que confirmaram, até o momento, o envio de soldados para a força de tranquilização. Suécia, Dinamarca, Austrália e, mais recentemente, Bélgica se mostraram dispostas a considerar essa possibilidade. Por outro lado, Polónia, Grécia e Itália rejeitaram a ideia de enviar tropas, alegando riscos regionais ou dúvidas sobre a eficácia da proposta.
E o papel dos EUA?
Os Estados Unidos não integram a coligação. A ausência está diretamente relacionada à decisão de Trump de conduzir negociações com Putin de forma independente. Mesmo assim, os líderes europeus esperam algum tipo de envolvimento dos EUA, seja por meio de apoio logístico, proteção aérea ou inteligência. Keir Starmer tem defendido a importância de um "backstop" americano para garantir a segurança do acordo de paz.
Próximos passos
O foco da coligação agora está na definição operacional da força de tranquilização. O presidente Volodymyr Zelenskyy convidou representantes militares a visitarem a Ucrânia para discutir detalhes como a composição, localização e tamanho da força, além de sua atuação diante de possíveis ameaças russas. Também foi levantada a questão do momento em que as tropas serão enviadas: durante o cessar-fogo ou somente após o fim oficial da guerra.
Uma nova cimeira será organizada para apresentar as conclusões, mas ainda não há data confirmada. Enquanto isso, os ministros da Defesa da coligação devem se reunir no dia 10 de abril, em Bruxelas, para dar sequência às tratativas.