Nos dois primeiros meses de 2025, Alagoas registrou 444 casos de violência doméstica contra mulheres, de acordo com dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP/AL). O número representa uma preocupação crescente, especialmente diante da constatação de que muitos casos ainda são subnotificados. Em todo o ano de 2024, foram 2.602 ocorrências oficiais do mesmo tipo.
As estatísticas revelam que todos os indicadores relacionados à violência contra a mulher estão em alta no estado. As vítimas de violência sexual praticada por cônjuges ou ex-companheiros têm, em sua maioria, entre 18 e 29 anos. Já os casos de violência doméstica atingem principalmente mulheres de 30 a 59 anos.
Embora os registros indiquem uma média de 60 atendimentos mensais às vítimas, especialistas apontam que o número real é muito maior, já que muitas mulheres não conseguem ou não se sentem seguras para denunciar seus agressores. Em 2024, 1.633 mulheres foram atendidas nas portas de entrada da rede estadual, sendo 1.357 vítimas de violência doméstica e 276 de violência sexual.
Rede de apoio e acolhimento às vítimas
Alagoas possui seis pontos de acolhimento integrados à Rede de Atenção às Violências (RAV), onde é possível receber atendimento especializado sem a necessidade de encaminhamento prévio. Esses locais incluem o Hospital Geral do Estado, Hospital da Mulher, Hospital Regional do Norte, Hospital de Emergência do Agreste, o Complexo de Delegacias Especializadas (CODE/Maceió) e o Centro Integrado de Segurança Pública do Alto Sertão (Delmiro Gouveia).
Nesses espaços, são oferecidos serviços de acolhimento psicossocial, exames médicos, elaboração de boletins de ocorrência, encaminhamento para atendimento jurídico e suporte psicológico, psiquiátrico e social.
Cresce o número de medidas protetivas em 2025
Dados do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL) mostram que, somente entre janeiro e fevereiro deste ano, foram concedidas 861 medidas protetivas a mulheres vítimas de violência. Isso representa uma média de 13 medidas por dia. Em 2024, foram 4.568 medidas concedidas, superando os 3.869 registros do ano anterior.
A Delegacia da Mulher possui três sedes em Alagoas — duas em Maceió e uma em Arapiraca. Onde não há unidade especializada, a vítima pode procurar qualquer delegacia. Também é possível realizar denúncias por telefone ou plataformas digitais. A Central de Flagrantes I, no Tabuleiro, funciona 24 horas e conta com um Núcleo de Atendimento à Mulher.
Casa da Mulher Alagoana oferece abrigo e atendimento integral
A Casa da Mulher Alagoana é outro importante ponto de apoio. Funcionando desde 2021, o espaço já acolheu mais de cinco mil mulheres, oferecendo atendimento psicossocial, abrigo temporário, apoio jurídico, acesso à Defensoria Pública, brinquedoteca para os filhos e inclusão em programas sociais como aluguel social e habitação.
Somente em 2024, foram realizados mais de 1.500 atendimentos e 47 abrigamentos. A Casa funciona ao lado da Praça Sinimbu, no Centro de Maceió, e permanece aberta 24 horas para serviços de acolhimento. Para atendimentos, o horário é de segunda a sexta, das 7h30 às 18h. Os contatos são (82) 2126-9650 e 99157-3023.
A Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 é outro canal gratuito e confidencial, disponível 24 horas por dia, todos os dias da semana, para denúncias e orientações.