'Muito irritado': Trump muda tom sobre Putin e ameaça tarifas em caso de novo impasse na Ucrânia

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou estar “muito irritado” e “furioso” com Vladimir Putin por suas recentes ações e declarações envolvendo a guerra na Ucrânia. A afirmação marca uma mudança significativa no tom adotado por Trump em relação ao presidente russo, após semanas em que o ex-líder norte-americano vinha sendo acusado de suavizar a postura diante de Moscou.

Em entrevista à emissora NBC News neste domingo (30), Trump criticou duramente Putin por questionar a credibilidade do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e ameaçou impor uma tarifa de até 50% aos países que continuarem comprando petróleo da Rússia caso o cessar-fogo não avance. "Se a Rússia e eu não conseguirmos fazer um acordo... e eu achar que a culpa foi da Rússia – o que pode não ser – haverá tarifas secundárias sobre todo o petróleo russo", disse.

Pressão crescente sobre Moscou em meio a negociações paralisadas

As declarações representam a primeira ameaça direta de sanções econômicas sérias por parte de Trump desde o início das tratativas para um cessar-fogo na guerra que se estende desde fevereiro de 2022. A tensão cresceu após Putin sugerir, dias atrás, que o governo da Ucrânia fosse colocado temporariamente sob controle das Nações Unidas, o que provocou indignação por parte do ex-presidente americano.

Trump afirmou que sua raiva foi desencadeada pela tentativa de deslegitimar Zelensky, mesmo após ele próprio ter feito duras críticas ao líder ucraniano e exigido concessões como a realização de eleições. “Você poderia dizer que eu estava muito irritado, furioso”, disse ele, indicando que ainda mantém um “relacionamento muito bom” com Putin, mas que “a raiva desaparece se ele fizer a coisa certa”.

A possível tarifa sobre o petróleo russo vendido aos Estados Unidos, assim como a adoção de tarifas secundárias para países que seguem comprando esse produto — como China e Índia —, seria implementada dentro de um mês, segundo Trump, caso a Rússia não colabore com a assinatura de um cessar-fogo.

Zelensky responde e pede ação internacional contra manobras russas

Em resposta à entrevista, Zelensky escreveu nas redes sociais que a Rússia continua buscando desculpas para prolongar a guerra e alertou que “Putin está repetindo o mesmo jogo desde 2014”, quando anexou a Crimeia. O líder ucraniano cobrou uma reação firme de Washington e dos aliados europeus.

O conflito já deixou mais de 100 mil soldados russos mortos, segundo levantamento da BBC Rússia, Mediazona e voluntários que acompanham o número de baixas desde 2022. A Ucrânia, por sua vez, reconheceu 43 mil mortes entre suas tropas até dezembro de 2024, embora analistas considerem esse número subestimado.

Trump fala sobre terceiro mandato e novas tarifas sobre carros

Durante a mesma entrevista, Trump voltou a sugerir a possibilidade de buscar um terceiro mandato na presidência, apesar de isso ser proibido pela Constituição dos EUA. “Muitas pessoas querem que eu faça isso”, declarou, acrescentando que ainda “há um longo caminho pela frente”.

Ele também abordou sua política de tarifas comerciais, afirmando “não estar nem um pouco preocupado” se os preços dos carros subirem após a imposição de uma tarifa de 25% sobre veículos e peças fabricados no exterior, anunciada na última quarta-feira. A cobrança começa em 2 de abril para carros completos e em maio para peças automotivas. Trump afirmou que as montadoras que optarem por produzir em solo americano terão grande vantagem competitiva.