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Saúde
28/03/2025 07:00:00

Estudo pioneiro tenta ‘desligar’ a artrite reumatoide ao reeducar o sistema imunológico

Estudo pioneiro tenta ‘desligar’ a artrite reumatoide ao reeducar o sistema imunológico

Pesquisadores britânicos estão conduzindo um estudo inovador que pode representar um avanço significativo no tratamento da artrite reumatoide. A pesquisa, chamada AuToDeCRA-2, visa “reeducar” o sistema imunológico de pacientes por meio do treinamento de glóbulos brancos, com o objetivo de interromper os ataques do organismo às articulações saudáveis.

Sob a liderança do professor John Isaacs, especialista em reumatologia clínica com mais de três décadas de experiência, o estudo está sendo desenvolvido pela Universidade de Newcastle em parceria com o Hospital Universitário da mesma cidade. A iniciativa conta com o apoio financeiro da instituição beneficente Versus Arthritis e da Comissão Europeia.

Reprogramação das células do sistema imune

A proposta do estudo é treinar as chamadas células dendríticas, que atuam como “generais” do sistema imunológico, responsáveis por comandar os glóbulos brancos em respostas de defesa. Quando essas células agem incorretamente, desencadeiam doenças autoimunes como a artrite reumatoide.

No processo experimental, essas células são extraídas do sangue dos pacientes e cultivadas em laboratório por cerca de uma semana. Durante esse período, elas são condicionadas a permanecer “calmas” e, ao serem reintroduzidas no organismo, instruem as demais células a cessarem os ataques às articulações.

Primeiros resultados trazem esperança

A ex-enfermeira Carol Robson, de 70 anos, residente em Jarrow, na Inglaterra, é uma das participantes da pesquisa. Ela relata conviver diariamente com dores intensas, mas afirma que após receber a injeção com os glóbulos brancos treinados, tem sentido alívio. “Talvez seja o desejo de que funcione, mas realmente acredito que houve melhora”, disse.

Isaacs explica que, se o tratamento for eficaz, pode abrir portas para terapias semelhantes contra outras doenças autoimunes, como diabetes tipo 1 e esclerose múltipla. Segundo ele, trata-se de uma área emergente na medicina, voltada para a reeducação do sistema imunológico, ao invés da simples supressão dos sintomas.

Próximos passos e expectativas

Apesar do potencial promissor, os ensaios clínicos ainda estão em estágios iniciais. Até o momento, cerca de 32 pacientes participaram dos dois primeiros testes. Se os resultados se mantiverem positivos, uma nova fase com mais participantes deverá ser iniciada. Contudo, mesmo com sucesso, a previsão é que o tratamento só esteja disponível ao público entre cinco e dez anos.

Isaacs afirma que ele e sua equipe se sentiriam realizados por contribuir com um avanço tão significativo. O estudo tem atraído atenção internacional por seu caráter inovador e pelas possíveis implicações globais, considerando os 18 milhões de pessoas afetadas pela artrite reumatoide no mundo.



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