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Guerra
27/03/2025 16:00:00

Míssil Long Neptune, uma nova esperança para a Ucrânia

Míssil Long Neptune, uma nova esperança para a Ucrânia

O presidente ucraniano Volodimir Zelenski anunciou recentemente que a Ucrânia agora possui um míssil próprio de longo alcance, chamado Long Neptune, capaz de atingir alvos situados a até mil quilômetros de distância. Segundo ele, a nova arma é altamente precisa e já foi testada com sucesso em combates. A declaração foi feita através do Telegram, mas sem detalhes técnicos adicionais.

Fontes de inteligência de acesso público e veículos de comunicação relataram que o Long Neptune teria sido utilizado para atingir uma refinaria de petróleo russa no porto de Tuapse, no Mar Negro, a cerca de 550 quilômetros da linha de frente. As autoridades locais confirmaram um incêndio no local. Especialistas acreditam que uma versão aprimorada do míssil antinavio Neptune R-360 foi usada no ataque.

Evolução do míssil Neptune

O míssil R-360, desenvolvido pela empresa Lutsch, com sede em Kiev, está em serviço desde 2020. Ele possui uma ogiva de 150 quilos e um alcance de 300 quilômetros, sendo parte do sistema RK-360MC, voltado à defesa costeira contra embarcações inimigas. Em abril de 2022, teve sua primeira missão real contra a fragata russa Admiral Essen e, logo depois, afundou o cruzador Moskva, avaliado em 750 milhões de dólares.

Em 2023, engenheiros ucranianos apresentaram uma nova versão do Neptune, adaptada para atingir alvos em terra e no mar. Essa versão teria alcance de 400 quilômetros e capacidade para carregar uma ogiva de até 350 quilos, um aumento de 200 quilos em relação ao original. O míssil também teria sido empregado contra um sistema russo S-400 e um aeródromo na Crimeia.

Produção em larga escala é o próximo desafio

Para o especialista militar Mykola Sunhurowskyj, do Centro de Pesquisa Razumkov, a viabilidade do Long Neptune depende agora da capacidade de produção em série. Ele acredita que, com apoio tecnológico e financeiro do Ocidente, a Ucrânia pode aumentar a fabricação, apesar dos riscos causados pelos bombardeios em todo o território nacional.

Serhiy Shurez, da Defense Express, estima que o ideal seria uma produção mensal de 40 a 50 unidades, equiparando-se à capacidade russa. Ele destacou que, ao contrário de outros projetos como o míssil Sapsan — há décadas em desenvolvimento e ainda inacabado —, o Neptune conta com uma equipe experiente e já tem versões funcionais em uso.

Nova arma não substitui mísseis ocidentais, mas os complementa

Antes do Long Neptune, os mísseis ATACMS dos EUA e Storm Shadow (SCALP) fornecidos pelo Reino Unido eram os de maior alcance no arsenal ucraniano, ambos com alcance de até 300 quilômetros. Contudo, os estoques dos ATACMS estão esgotados desde janeiro de 2025, e não há garantia de novas remessas. Os Storm Shadow restantes são poucos.

Por isso, especialistas ressaltam que o Long Neptune chega como um importante reforço, mas não substitui os mísseis ocidentais. Sunhurowskyj afirma que a nova arma deve complementar a ajuda militar, não substituí-la. Já Shurez menciona o míssil alemão Taurus, ainda não entregue à Ucrânia, que possui ogiva de 450 quilos e alcance de 600 quilômetros, ideal para destruir bunkers fortificados.

Aumenta o alcance da Ucrânia sobre alvos russos

Diante do avanço do alcance das armas ucranianas, a Rússia passou a mover seus alvos estratégicos mais para o interior do país. No entanto, instalações como refinarias não podem ser deslocadas. Com o Long Neptune, muitos desses pontos passam a estar ao alcance dos ucranianos.

Até então, apenas drones como o Lyutyy, com mil quilômetros de alcance, e o Ninja, que atingiu alvos a 1.500 quilômetros, podiam realizar ataques tão profundos. No entanto, esses equipamentos carregam cargas pequenas — geralmente até 50 quilos —, insuficientes para destruir estruturas reforçadas.

O veterano Oleksiy Hetman, major da reserva, acredita que o Long Neptune pode carregar até 300 quilos de explosivos, sendo capaz de destruir prédios e alvos protegidos. De acordo com Shurez, há dezenas de instalações logísticas e industriais russas a mais de 300 quilômetros de distância que poderiam ser neutralizadas com esses mísseis, enfraquecendo a capacidade de guerra da Rússia — a mesma estratégia que Moscou tenta impor sobre a Ucrânia.



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