17/04/2025 12:06:13

Saúde
25/03/2025 07:00:00

Ansiedade e depressão podem impactar diretamente na saúde do coração

Ansiedade e depressão podem impactar diretamente na saúde do coração

Transtornos mentais como ansiedade e depressão, além de comprometerem o bem-estar psicológico, também podem afetar significativamente o funcionamento do coração. De acordo com o Relatório Mundial de Saúde Mental da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicado em 2022, uma em cada oito pessoas no planeta convive com algum tipo de transtorno mental, sendo a ansiedade e a depressão os mais frequentes, representando cerca de 60% dos casos. No Brasil, estima-se que 9,3% da população enfrenta a ansiedade e 5,8% vive com depressão.

Relação entre transtornos mentais e alterações cardiovasculares

A médica Patrícia Oliveira, do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês, vinculado ao cardiologista Roberto Kalil Filho, explica que o vínculo entre mente e coração vai muito além do comportamento. Ela afirma que distúrbios como a ansiedade e a depressão provocam alterações biológicas importantes, interferindo nas vias de sinalização entre o sistema nervoso central e os demais órgãos. Além disso, esses transtornos podem elevar os níveis de citocinas inflamatórias, o que contribui para o surgimento ou agravamento de doenças cardiovasculares, como a aterosclerose e a isquemia miocárdica.

Segundo a especialista, esses quadros costumam ativar de forma exagerada o sistema nervoso simpático — responsável por preparar o corpo para reagir ao estresse — e aumentar a liberação de cortisol, o chamado hormônio do estresse. Como consequência, o paciente pode apresentar vasoconstrição (estreitamento dos vasos), elevação da pressão arterial e aumento da frequência cardíaca.

Síndrome do coração partido: exemplo da influência emocional no coração

Um dos exemplos mais conhecidos do impacto emocional na saúde cardíaca é a chamada síndrome do coração partido, uma condição provocada por estresse intenso. Ela se manifesta com sintomas semelhantes aos de um infarto, mas ocorre sem a presença de obstruções nas artérias, que são características do infarto tradicional. Nesse caso, fatores como estresse elevado e tristeza profunda ativam mecanismos neuro-hormonais que diminuem o fluxo de sangue no músculo cardíaco, podendo levar à lesão das células cardíacas.

Atenção multidisciplinar é essencial para preservar a saúde cardíaca

Para reduzir os efeitos negativos da ansiedade e depressão sobre o coração, é fundamental uma abordagem integrada, envolvendo cardiologistas, psicólogos e psiquiatras, especialmente em pacientes com histórico de problemas cardíacos. A médica destaca que esse acompanhamento conjunto é essencial para garantir mais saúde e qualidade de vida.

Entre as medidas recomendadas estão:

Terapias psicológicas e psiquiátricas, que auxiliam no tratamento das causas emocionais e reduzem os riscos cardiovasculares;
Prática regular de exercícios físicos, que além de contribuir para o bem-estar mental, fortalece o sistema cardiovascular;
Uso de medicação adequada, quando necessário, para o controle dos sintomas mentais e prevenção de possíveis complicações no coração.

Patrícia Oliveira reforça ainda que há protocolos clínicos que possibilitam a detecção precoce de transtornos mentais em pacientes cardiopatas, o que favorece o tratamento integrado. “O equilíbrio emocional é tão importante quanto controlar o colesterol e a pressão. Ao cuidar da saúde mental, estamos cuidando também do coração”, finaliza a cardiologista.



Enquete
Você acreedita que Bolsonaro armou um golpe de estado?
Total de votos: 160
Google News