O governo de Israel está considerando uma nova e ampla ofensiva terrestre na Faixa de Gaza, com o envio de até 50 mil soldados para ocupar vastas áreas do território, segundo informações de um oficial israelense e de uma fonte com conhecimento direto do plano. A operação, ainda em fase de planejamento, seria uma das alternativas diante da falta de avanços nas negociações para a libertação de reféns mantidos pelo Hamas.
Pressão estratégica em meio a impasse nas negociações
Os rumores sobre uma possível nova ofensiva são vistos por analistas como uma estratégia de pressão por parte de Israel para forçar o Hamas a retornar à mesa de negociações, sem exigir o fim da guerra. O Egito e o Catar têm intensificado os esforços para renovar o cessar-fogo, mas até o momento não houve progresso significativo.
Autoridades israelenses já indicaram que estão dispostas a interromper os ataques se houver libertação de mais reféns. Ainda assim, segundo fontes ligadas ao Exército, comandado pelo novo chefe do Estado-Maior, tenente-general Eyal Zamir, planos de operação terrestre estão sendo traçados há semanas.
Ocupação prolongada e combate à insurgência
Diferentemente de ofensivas anteriores, que foram pontuais e temporárias, o novo plano prevê a ocupação contínua de partes significativas de Gaza. A intenção seria impedir o ressurgimento do Hamas nas áreas reconquistadas, algo que aconteceu repetidamente em ações passadas.
“O que está sendo cogitado agora é expulsar o Hamas e manter a ocupação militar para evitar que eles retomem o controle”, afirmou uma das fontes. Isso implicaria uma permanência prolongada das Forças de Defesa de Israel (IDF) no território, com possível envolvimento em combates de contra-insurgência por tempo indeterminado.
Apoio interno dividido e pressões políticas
Apesar do foco militar, há resistência crescente dentro da própria sociedade israelense. Pesquisas recentes apontam que a maioria da população prefere um acordo que garanta a libertação dos 59 reféns ainda mantidos pelo Hamas, em vez de um retorno à guerra em grande escala.
Famílias dos reféns e ex-cativos alertam que a retomada dos combates pode colocar em risco as vidas dos cerca de 24 reféns ainda vivos. Mesmo assim, membros da ala mais radical do governo, como o ministro das Finanças Bezalel Smotrich, continuam defendendo a reocupação de Gaza como objetivo estratégico.
Apoio internacional e reações dos EUA
Assessores do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu acreditam que o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, seria mais favorável a uma ofensiva militar em larga escala do que o ex-presidente Joe Biden, que chegou a suspender o envio de armamentos para impedir uma ação de grande porte no sul de Gaza.
Nos últimos dias, o exército israelense intensificou suas movimentações no terreno, retomando o controle de áreas no corredor Netzarim e reforçando posições estratégicas no norte e no sul do enclave. Além disso, o gabinete israelense criou uma agência para viabilizar a “transferência voluntária” de palestinos de Gaza para outros países — proposta que até agora não teve adesão internacional.
Ofensiva traria riscos logísticos e políticos
Especialistas alertam que uma operação militar prolongada em Gaza pode se transformar em um fardo político e militar, sem garantias de sucesso. “Uma vez que você ameaça com algo, precisa estar pronto para cumprir. Mas há o risco de se ver preso em um pântano sem saída”, observou o general aposentado Israel Ziv.
Apesar dos discursos oficiais prometendo a “vitória absoluta” sobre o Hamas, o cenário de guerra prolongada e ocupação militar continua dividindo opiniões e elevando a tensão no Oriente Médio.